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Vídeo conta a história da carioca que teve a casa onde morava com a filha derrubada sem aviso e comenta lógica de despejos para megaeventos

Reportagem
26 de junho de 2012
08:00
Este artigo tem mais de 11 ano

Quando a prefeitura chegou para demolir a casa de Elisângela no morro Pavão-Pavãozinho no Rio de Janeiro, ela não estava lá. Sua filha de 17 anos atendeu a porta e escutou que o imóvel seria derrubado naquele momento. Em pânico, a menina avisou a mãe por telefone: ““Tem vários homens da Prefeitura aqui na porta; eles estão dizendo que vão derrubar a nossa casa”. Elisângela correu, tentou argumentar, pedir um tempo para arrumar outra casa mas foi inútil. Em poucas horas só restavam entulhos no lugar. Isso aconteceu no começo de 2011 e até hoje Elisângela não foi indenizada ou reassentada. Sua filha teve de ir morar com a avó enquanto ela ainda luta por um lugar para morar.

O minidoc “O Legado Somos Nós: A História de Elisângela” é o primeiro de uma série de vídeos retratos que estão sendo produzidos pela organização de direitos humanos Witness em parceria com o Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas para contar a história de pessoas atingidas por remoções forçadas no Rio de Janeiro, ligadas direta ou indiretamente com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Priscila Neri, da Witness explica que a ideia é contrapor a narrativa oficial de que tudo está sendo feito de acordo com a lei e em um diálogo constante com as comunidades.

No caso específico de Elisângela, a justificativa dada na época para a remoção foi a de que aquela área do Pavão-Pavãozinho era de risco, mas apenas algumas casas foram derrubadas e, segundo o Comitê Popular do Rio, a prefeitura nem chegou a retirar o entulho. O morro fica entre duas zonas nobres centrais do Rio: Ipanema e Copacabana.

Segundo o Dossiê do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do Rio de Janeiro,  sob o argumento do risco geotécnico ou estrutural, a Prefeitura Municipal pretende remover mais de 300 famílias na comunidade Pavão-Pavãozinho: “Até o momento a Prefeitura não apresentou o laudo que comprove o risco e nem discutiu com a comunidade a possibilidade de realização de obras para garantir a segurança dos moradores”.

Ainda segundo informações do Comitê Popular do Rio, engenheiros que realizaram laudos técnicos em áreas como o Morro do Pavão-Pavãozinho apontaram que a realização de uma obra de contenção ou reforço da encosta, para eliminar o risco de deslizamento, sairia inclusive mais barato do que o reassentamento das famílias que moram no local.

Veja o minidoc:

 

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