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Vídeo da agência foi exibida em audiência da Comissão Estadual da Verdade em SP

Da Redação
26 de agosto de 2014
19:00
Este artigo tem mais de 9 ano

Durante uma audiência da Assembleia Legislativa de São Paulo no último dia 25, os repórteres Natalia Viana e Luciano Onça apresentaram os destroços de bombas recolhidos no Vale do Ribeira durante a investigação sobre o cerco militar que a ditadura impôs à região em abril e maio de 1970, em busca de 9 guerrilheiros da organização Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Leia aqui a reportagem completa.

Foi a primeira vez que fragmentos das bombas de Napalm atiradas pela FAB foram recolhidos. Antes de mostrar os destroços, os jornalistas exibiram um documentário de 20 minutos com relatos de moradores do local.

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Natalia Viana apresenta os fragmentos de bombas durante audiência pública. Foto: Babak Fakhamzadeh

Surpreendido pela apresentação das bombas durante a Audiência Pública organizada pela Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa, o promotor de justiça Eduardo Ferreira Valério ligou imediatamente para o Procurador-Geral de Justiça, Márcio Fernando Elias Rosa, que deu o aval para que os destroços fossem recolhidos. “A primeira reação nossa é a necessidade de tornar essa descoberta pública. Não sei ainda se o material tem valor de prova de crime, mas com certeza tem um enorme valor histórico”, disse.

À Agência Pública, ele explicou que o MPvai montar uma comissão de trabalho para analisar o que é possível fazer com esse material e definir uma estratégia para dar mais visibilidade ao achado. “Se for possível, vamos avaliar que tipo de perícia pode ser feita, e por qual órgão técnico”, disse, explicando que o Ministério Público não tem laboratórios para realizar tal exame. Além de comprovar que os destroços são de bombas atiradas na região no final de abril de 1970, a perícia buscaria determinar se há vestígios de napalm – o que é difícil devido ao tempo transcorrido, 44 anos. Com os resultados seria possível buscar uma responsabilização criminal do Estado. “Claro que tem problemas, temos que analisar a prescrição de pena, e a lei da anistia”, completou.

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O promotor de justiça Eduardo Ferreira Valério. Foto: Babak Fakhamzadeh

Eduardo Valério elogiou o trabalho de “investigação histórica e de arqueologia contemporânea” realizado pela Agência Pública, e disse que os destroços demonstram “o nível de truculência do estado contra a população civil”. A Agência Pública também entregou ao MPE uma cópia dos vídeos gravados durante dois meses de pesquisa na região no Vale do Ribeira, que contém relatos de 12 testemunhas dos bombardeios e dos abusos dos militares na época. “Havia relatos esparsos das vítimas recolhidos pelas Comissões da Verdade, mas agora conseguimos reunir evidências históricas, materiais, dessa situação”.

Durante a audiência, o sargento Darcy Rodrigues, ex-guerrilheiro da VPR, denunciou as atrocidades cometidas durante o cerco. GAbriel Siqueira, pesquisador da Comissão, relatou as grilagens de terra que se seguiram ao à operação militar – entre elas, grilagens realziadas pelo filhbo do então ministro da justiça Alfredo Buzaid. Moradores de comunidades de pescadores e quilombolas também relataram as violências sofridas e a disputa pela terra.

 

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