Buscar

A pedido da Pública, a Universidade Federal do Ceará comprovou que água do Castanhão não é potável. Patu e Pedra Branca também foram reprovados. Leia reportagem das Microbolsas sobre Criança e Água

Reportagem
28 de setembro de 2015
09:00
Este artigo tem mais de 8 ano

A Operação Carro-Pipa (OCP) abastece 1,3 milhão de cearenses – e com previsão de aumento desse contingente populacional. Por isso, a reportagem decidiu conhecer de perto como é o processo de captação e os principais reservatórios. Em nossa primeira parada, nos deparamos com o açude do Patu, localizado no município de Senador Pompeu, um reservatório agonizando, com apenas 10% da sua capacidade e uma capa de lodo sobre as águas.

Questionando se a água é própria para o consumo, descobrimos que não há dados públicos sobre isso. O governo se nega a publicar as análises rotineiras feitas na água. Assim a população, na maioria das vezes, não faz ideia da procedência da água que está recebendo. Só pelo aspecto e pelo cheiro, sem a análise laboratorial, todos reprovam essas águas.

Por meio de uma parceria com os laboratórios de Geologia Marinha Aplicada e Microbiologia de Alimentos, ambos da Universidade Federal do Ceará (UFC), resolvemos tirar a prova. Levamos para análise amostras das águas dos açudes do Patu, Pedras Brancas e Castanhão – este último o maior do Estado, responsável também por abastecer a capital, Fortaleza. Nesse caso, porém, a água passa antes pelo tratamento da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). 

Nenhuma das coletas passou nos testes de potabilidade, seja na análise físico-química ou microbiológica. Ou seja: são impróprias para o consumo humano.

Foram testadas amostras com cloro e sem cloro, ou seja, antes da desinfecção feita pelos “pipeiros” e depois de acompanhar os pipeiros até as comunidades, coletamos as amostras já com o cloro dissolvido. 

Somente as águas do Patu não tinham presença de coliformes fecais.

Nem as águas do Castanhão, o maior reservatório do Ceará, passaram no teste. O laudo acusa tanto a presença de coliformes fecais quanto níveis altos de amônia, turbidez e ferro. Segundo o laudo, o elevado teor de amônia indica poluição da água por matéria orgânica, e a elevada turbidez da água é preocupante, uma vez que substâncias tóxicas podem ter sido absorvidas.

Os altos níveis de sódio e cloreto do açude de Pedras Brancas, que abastece os municípios de Quixadá e Quixeramobim, entre outros, chamaram atenção de especialistas. “A repercussão destes resultados é muito séria. Pessoas hipertensas, com insuficiência renal, que tomam corticoides, por exemplo, não podem beber desta água, que em vez de hidratar causa a desidratação”, avaliou o infectologista Ivo Castelo Branco.

aguas ceara

Infográfico: Mortes e internações por doenças diarreicas

// <![CDATA[

// ]]>

 

Essa matéria é resultado do concurso de microbolsas para reportagens investigativas sobre Crianças e Água promovido pela Agência Pública em parceria com o projeto Prioridade Absoluta do Instituto Alana.

Não é todo mundo que chega até aqui não! Você faz parte do grupo mais fiel da Pública, que costuma vir com a gente até a última palavra do texto. Mas sabia que menos de 1% de nossos leitores apoiam nosso trabalho financeiramente? Estes são Aliados da Pública, que são muito bem recompensados pela ajuda que eles dão. São descontos em livros, streaming de graça, participação nas nossas newsletters e contato direto com a redação em troca de um apoio que custa menos de R$ 1 por dia.

Clica aqui pra saber mais!

Quer entender melhor? A Pública te ajuda.

Leia também

Tem água pra ver, mas não pra beber

Por

Nos arredores do maior açude do Ceará, moradores de assentamentos, cidadezinhas e vilas sofrem com a seca enquanto a água passa diante dos seus olhos para abastecer o agronegócio, a indústria, e a capital, Fortaleza

Caminhões-pipa no Ceará entregam água imprópria à população

Por ,

Moradores reclamam da água distribuída na operação de combate emergencial à seca que se arrasta há quatro anos; crianças e idosos têm adoecido por causa da contaminação. Leia reportagem das Microbolsas sobre Criança e Água

Notas mais recentes

Braga Netto condecorou delegado Rivaldo Barbosa com medalha do pacificador em 2018


O que diz “manifesto” que circula em grupos militares no WhatsApp e Telegram


ACT denuncia empresas à Anvisa por distribuição ilegal de cigarros de palha a estudantes


Motoristas de app resistem a projeto de regulamentação do governo e cobram mudanças


Ruralistas apostam em PECs para avançar sobre direitos indígenas no Congresso


Leia também

Tem água pra ver, mas não pra beber


Caminhões-pipa no Ceará entregam água imprópria à população


Faça parte

Saiba de tudo que investigamos

Fique por dentro

Receba conteúdos exclusivos da Pública de graça no seu email.

Artigos mais recentes