Buscar
Agência de jornalismo investigativo
Checagem

Quase todos os crimes violentos têm relação com drogas?

Delegado da bancada da bala fez afirmação em discurso na Câmara; não há estudos, contudo, que mostrem essa correspondência

Checagem
7 de julho de 2016
09:07
Este artigo tem mais de 7 ano

“As drogas são responsáveis por 90% dos crimes violentos no país.” – Delegado Edson Moreira (PR-MG), em discurso na Câmara no dia 28 de junho

Falso
Falso

O deputado federal Delegado Edson Moreira (PR-MG) afirmou na Câmara que 90% dos crimes violentos no Brasil são causados pelas drogas. A declaração foi feita no contexto do Dia Internacional de Combate às Drogas, celebrado em 26 de junho. O Truco no Congresso – projeto de fact-checking da Agência Pública, realizado em parceria com o Congresso em Foco ­– verificou que a fala do parlamentar é falsa.

Consultamos estudiosos da área de segurança pública para checar se algum estudo ou levantamento de fato relaciona o uso e tráfico de drogas à ocorrência de crimes violentos em nível nacional. A resposta foi “não”, segundo Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Maria Gorete Marques de Jesus, pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP) e Rafael Alcadipani, professor e pesquisador da Fundação Getulio Vargas. Portanto, pode-se dizer, no mínimo, que a afirmação de Moreira não tem base científica.

“Não conhecemos nenhuma pesquisa que faça essa relação de causalidade. O que a gente percebe é que existe um senso comum nas instituições policiais e também jurídicas que associam uma coisa à outra”, explica Jesus. “Pelo que me parece, as tentativas que existiram de fazer essa relação não identificaram essa conexão direta, então não dá para afirmar categoricamente, muito menos [cravar] 90%, que é uma porcentagem bem alta.”

Entramos em contato com a equipe de Moreira para saber a fonte do dado citado durante o discurso em plenário. Segundo sua assessoria, “nenhuma fonte específica” foi consultada, e o número utilizado pelo deputado é fruto das situações vividas ao longo de sua atuação como delegado de polícia.

Não é todo mundo que chega até aqui não! Você faz parte do grupo mais fiel da Pública, que costuma vir com a gente até a última palavra do texto. Mas sabia que menos de 1% de nossos leitores apoiam nosso trabalho financeiramente? Estes são Aliados da Pública, que são muito bem recompensados pela ajuda que eles dão. São descontos em livros, streaming de graça, participação nas nossas newsletters e contato direto com a redação em troca de um apoio que custa menos de R$ 1 por dia.

Clica aqui pra saber mais!

Quer entender melhor? A Pública te ajuda.

Truco

Este texto foi produzido pelo Truco, o projeto de fact-checking da Agência Pública. Entenda a nossa metodologia de checagem e conheça os selos de classificação adotados em https://apublica.org/truco. Sugestões, críticas e observações sobre esta checagem podem ser enviadas para o e-mail truco@apublica.org e por WhatsApp ou Telegram: (11) 99816-3949. Acompanhe também no Twitter e no Facebook. Desde o dia 30 de julho de 2018, os selos “Distorcido” e “Contraditório” deixaram de ser usados no Truco. Além disso, adotamos um novo selo, “Subestimado”. Saiba mais sobre a mudança.

Faça parte

Saiba de tudo que investigamos

Fique por dentro

Receba conteúdos exclusivos da Pública de graça no seu email.

Artigos mais recentes