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A frase da candidata refere-se a uma projeção e não a dados atuais. Ainda é cedo para dizer se ela se concretizará. Explicamos: as projeções de porcentagem de classes são feitas com base em dados da pesquisa Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A

Checagem
18 de outubro de 2014
19:20
Este artigo tem mais de 9 ano
Especial Truco 2014

“Hoje, 59% da população está na classe média. E a pobreza caiu pela metade, de 53, passou para 26%”

Dilma Rousseff

A frase da candidata refere-se a uma projeção e não a dados atuais. Ainda é cedo para dizer se ela se concretizará.

Explicamos: as projeções de porcentagem de classes são feitas com base em dados da pesquisa Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A partir desses dados, a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), cujo ministro é o economista Marcelo Côrtes Neri, estima a porcentagem da população que está em cada classe.

No entanto, os resultados da PNAD mais recentes, publicados em setembro, referem-se ao ano de 2013. Sobre eles, o próprio ministro Marcelo Neri respondeu por e-mail à indagação da Agência Pública: “Usando a Nova Pnad a classe C foi composta por 55,99% em 2013 da população, substancialmente acima dos 37,59% em 2003. A classe AB passou de 7,69% em 2003 para 13,13% em 2013”. As classes D e E, a que a candidata se refere como “pobreza”, portanto, somaram 30,88% em 2013.

O que a candidata usou no seu programa foram as projeções da SAE para 2014 – e ainda é cedo para dizer se elas vão se confirmar ou não.

Veja o infográfico comparando os dados de 2013 e a projeção da SAE para 2o14:

Fonte: Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE)

Baixe aqui um PowerPoint explicativo da SAE.


“Dilma não cumpriu nenhuma vez a meta de inflação.”

campanha de Aécio Neves

Com esta frase, Aécio induz o eleitor a uma conclusão equivocada. Durante o governo Dilma, a inflação esteve dentro da margem de tolerância de mais ou menos dois pontos percentuais definida pelo Banco Central.

Desde 2005, a meta anual da inflação está fixada em 4,5%, e desde 2006 o Banco Central admite índices entre 2,5% e 6,5%.

Nos três primeiros anos do governo Dilma (2011-2013), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)que mede a inflação foi 6,5% (2011), 5,84% (2012) e 5,91% (2013). Na média do período, o IPCA ficou em 6,08%, a segunda menor taxa registrada nos últimos cinco mandatos presidenciais.

Por outro lado, em setembro o IPCA acumulado em 12 meses (setembro de 2013 a setembro de 2014) chegou a 6,75% – acima, portanto, do limite da meta da inflação. Mas ainda é cedo para afirmar que este será o resultado final de 2014.

A política de metas da inflação foi estabelecida peloDecreto 3.088de 1999, no segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo o texto, “considera-se que a meta foi cumprida quando a variação acumulada da inflação – medida pelo índice de preços referido no artigo anterior [IPCA], relativa ao período de janeiro a dezembro de cada ano calendário – situar-se na faixa do seu respectivo intervalo de tolerância.”, diz o artigo 4º do decreto.

No entanto, considerar que a inflação atingiu a meta quando está dentro do intervalo de tolerância gera divergências entre especialistas. Para o Banco, o intervalo de tolerância existe porque, como o aumento dos preços está sujeito a fatores externos, o BC não possui controle total sobre a inflação. “O que ele faz é mover a taxa de juros básica de forma a afetar, por vários mecanismos indiretos, a evolução dos preços”, diz o documento Regime de Metas para a Inflação no Brasil, do BC. “Na ocorrência de choque inflacionário hoje, mesmo o Banco Central respondendo prontamente, ainda se observará aumento da inflação no curto-prazo”, acrescenta o texto, que defende ainda que “a autoridade monetária cumpra a meta sem que a política monetária se torne excessivamente restritiva”.


“Dilma fez o Brasil ter as mais altas taxas de juros do mundo”

campanha de Aécio Neves

A afirmação do candidato se baseia em um ranking criado pelo economista Jason Vieira, diretor do site de informações de mercado financeiro MoneYou.

O ranking considera os 40 países com maiores economias no mundo.

Porém, a tendência do governo de Dilma  Rousseff foi de redução da taxa  SELIC, a taxa de juros oficial determinada pelo Banco Central. Em janeiro de 2011, quando ela assumiu, a taxa era de 11,17% ao ano. A taxa anunciada em setembro de 2014 é de 11% ao ano, queda suave em relação ao início do mandato. Na gestão Dilma, o patamar mais baixo foi em janeiro de 2013, com 7,12%, um recorde desde o início do Plano Real.

O gráfico abaixo mostra que as gestões Lula e Dilma (2003 a 2014) praticaram uma média de juros mais baixa em relação à gestão anterior de Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002). Em dezembro de 2001 a taxa era de 29,90%, e o pico foi atingido em março de 1999, quando a taxa chegou a 44,95%.

Na imagem, cada ponto laranja se refere a uma reunião com Comitê de Política Monetária (Copom), órgão do Banco Central que define a taxa SELIC. Os intervalos entre as reuniões do Copom não são constantes. Por exemplo, durante o governo Fernando Henrique houve mais reuniões do Copom do que no governo Lula. Os números representam os picos de cada movimento de ascensão ou queda da taxa de juros.

Resumo do Programa

O programa de Aécio Neves (PSDB) deu grande destaque aos apoios recebidos da família de Eduardo Campos – “O Brasil pede mudanças. O governo que está aí tornou-se incapaz de realizá-las”, disse o filho de Campos – e de Marina Silva. Ao lado de Aécio, Marina fez um paralelo entre o candidato e o ex-presidente Lula: “Há 12 anos atrás, o candidato presidente Lula apresentou uma carta-compromisso aos brasileiros, dizendo que naquele momento em que a sociedade igualmente queria alternância de poder, queria mudança, de que ele iria apresentar novas propostas, mas queria tratar o Plano Real como uma conquista da sociedade brasileira e iria preservá-lo. 12 anos depois você faz o mesmo gesto. Diz que vai recuperar o que se perdeu no atual governo, que é a estabilidade econômica. E diz que vai manter as políticas sociais, que foram ampliadas e aperfeiçoadas durante o governo do presidente Lula”. Além disso, o programa trouxe depoimentos dos atores Milton Gonçalves, Luis Fernando Guimarães, do cantor Leonardo, do cineasta Luiz Carlos Lacerda, de Eugenio Vilaça, Consultor da Organização Panamericana de saúde, dos cantores Flavio Venturini, do 14 Bis, Fafá de Belém, da atriz Maria Padilha e dos esportistas Ana Paula e Zico. Para terminar, o programa trouxe dados negativos sobre o governo Dilma, entre eles: “Dilma fez o Brasil crescer menos que a maioria dos países America do Sul; Dilma fez o Brasil ter a maior carga de impostos da nossa história; Dilma concluiu apenas 12% das obras prometidas no PAC; Dilma fez o Brasil perder 13 mil leitos hospitalares do SUS; Dilma promoveu a Copa do Mundo mais cara da história”.

Já o programa de Dilma Rousseff (PT) foi centrado na nova classe média. “Nos últimos 12 anos o povo brasileiro melhorou de vida com uma velocidade jamais vista. Foram dois fatores decisivos para isso: a garra de nossa gente e as oportunidades que o Brasil passou a lhes oferecer”, disse Dilma. “Isso mudou por completo a nossa pirâmide social”. Reforçou que programas como o Pronatec e o Prouni atendem essas pessoas, bem como crédito agrícola e faixas do Minha Casa Minha Vida. O programa teve também um depoimento de Chico Buarque em apoio a Dilma, e diversas promessas nas áreas de segurança, ensino técnico, atenção especializada à saúde e crédito. Em seguida, Lula pediu “uma pausa de reflexão”, dizendo que a candidatura oposicionista diz que tem “o remédio” para o Brasil. “Podem estar certo que qualquer remédio deles tem o gosto amargo do desemprego, do arrocho salarial e da falta de oportunidades”. Segundo ele, “Houve um tempo em que andar de avião, ter um carro zero ou almoçar num restaurante com a família era coisa para poucos, muito poucos. Houve um tempo em que a autoestima do novo povo estava muito baixa. Os mais jovens talvez não se lembram desse tempo. Mas seus pais certamente se lembrarão”. Depois, o programa trouxe um comício no qual Dilma recebeu um abaixo-assinado com 7 milhões de assinaturas por uma Assembleia Constituinte exclusiva para a Reforma Política, e afirmou que “Eu não acredito que a gente consiga aprovar as propostas mais importantes, como o fim do financiamento empresarial de campanha sem que isso seja votado num plebiscito. Não é possível um combate efetivo à corrupção sem reforma política”.

Leia a transcrição completa aqui.

Principais promessas

Dilma Rousseff (PT):

  • Programa de Segurança Integrada.
  • Construir ou ampliar 9 metrôs, 14 VLTs e 180 BRTs e corredores de ônibus.
  • Ampliar programas como o Pronatec
  • Criar o Pronatec Jovem Aprendiz.
  • Ampliar os programas de crédito e apoio aos pequenos e médios empreendedores do campo e da cidade.
  • Implantar o programa Mais especialidades.

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Truco

Este texto foi produzido pelo Truco, o projeto de fact-checking da Agência Pública. Entenda a nossa metodologia de checagem e conheça os selos de classificação adotados em https://apublica.org/truco. Sugestões, críticas e observações sobre esta checagem podem ser enviadas para o e-mail truco@apublica.org e por WhatsApp ou Telegram: (11) 99816-3949. Acompanhe também no Twitter e no Facebook. Desde o dia 30 de julho de 2018, os selos “Distorcido” e “Contraditório” deixaram de ser usados no Truco. Além disso, adotamos um novo selo, “Subestimado”. Saiba mais sobre a mudança.

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