NA DITADURA

SNI investigou mais de 300 mil brasileiros 

Saiba como o maior órgão de espionagem da ditadura militar no Brasil tentou manter ilegalidades ao fim do regime de exceção.

Criado imediatamente após o golpe de 1964, o Serviço Nacional de Informações (SNI) teve mais de 300 mil brasileiros fichados.

Documentos inéditos encontrados no acervo do SNI pela Agência Pública revelam como o órgão se movimentou politicamente para manter suas atividades de arapongagem mesmo após a saída do último general-ditador da Presidência da República.

"CRIEI UM MONSTRO"

— General Golbery do Couto e Silva

A constatação foi feita pelo idealizador do SNI e revelava as dificuldades que a nascente democracia teria para desmontar um aparelho tão poderoso, detentor de dados sensíveis sobre todas as lideranças políticas do período.

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TENTATIVA DE SOBREVIDA

As poucas iniciativas na redemocratização que pediam medidas de reconhecimento das violências da ditadura ou reformas institucionais eram monitoradas de perto pelo órgão. Já sob o governo civil, o SNI atuava para “neutralizar” o que considerava ameaças à sua imagem.

LOBBY DO SNI NA REDEMOCRATIZAÇÃO

Entre os documentos localizados pela Pública estão relatórios que comprovam como o SNI buscou ativamente parlamentares que integravam a Assembleia Nacional Constituinte para apresentar propostas legislativas a serem incluídas na nova Constituição.

“Nada do que foi proposto fora do interesse deles foi aprovado”.

- Priscila Brandão, historiadora e autora do livro SNI e Abin: uma leitura dos serviços secretos brasileiros ao longo do século XX.

Com o lobby e alinhamento com o Centrão, a agência sobreviveu à mudança de regime e sua extinção ocorreria apenas em 1990, nos primeiros dias do governo Collor.

“Há uma percepção do indivíduo, do cidadão brasileiro como inimigo, como alguém que pode ter os seus direitos desrespeitados”.

Priscila Brandão explica que, até hoje, a doutrina que a Abin, sucessora do SNI, segue é influenciada pelos termos da Doutrina de Segurança Nacional da ditadura.

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