Endividamento em Curitiba beira os 90% desde 2011; pesquisa é feita só na capital

Quando João Arruda, do MDB, fala de endividamento usa dados referentes somente à capital. E que estão nesse patamar há oito anos.

Crise econômica Economia

José Lázaro Jr.
3 minutos

“Graças à turma do Richa, quase 90% das famílias paranaenses estão endividadas, contra uma média nacional de 56%. São números assustadores”, afirmou João Arruda (MDB), na estreia do horário de propaganda eleitoral gratuita.

A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic Nacional) começou a ser feita em janeiro de 2010 pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Os dados são coletados somente nas capitais e no Distrito Federal, sem ampliar a amostragem para o interior dos estados.

O Truco nos Estados – projeto de fact-checking da Agência Pública feito no Paraná em parceria com o Livre.jor – reconhece que os índices citados são verdadeiros, porém referem-se somente à realidade de Curitiba. Isso fez a afirmação ser classificada como descontextualizada.

Outro senão é que, sem números da década passada, não é possível estabelecer a comparação pretendida pelo candidato João Arruda (MDB). Não se sabe a flutuação do endividamento na capital do Paraná durante a gestão do tio dele, também do MDB, Roberto Requião (2003-2010).

E, por sorte ou azar, o tempo de realização da Peic Nacional majoritariamente coincide com os dois mandatos de Beto Richa (PSDB) no governo do Paraná – de 2011 a 2018. Nesse período, como veremos, o endividamento das famílias em Curitiba sempre beirou os 90%.

Para a capital, “quase 90%” está certo – Quem divulga mensalmente os dados sobre o endividamento na capital é a Federação do Comércio do Paraná. Segundo o relatório mais atualizado disponível, de julho deste ano, 87,8% das famílias curitibanas estavam endividadas.

Nas notas metodológicas, a Fecomércio explica que o percentual “refere-se ao número de famílias que possuem contas ou dívidas contraídas com cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimo pessoal, compra de imóvel e prestações de carro e de seguros”.

A pesquisa aferiu também que 29,8% das famílias tinham contas em atraso. 11,6% declararam não ter condições para pagar o que devem. Novamente, são números sobre a capital, não sobre o Paraná.

No relatório divulgado pela Federação do Comércio no estado, a palavra “Paraná” não aparece nenhuma vez. O gráfico principal da pesquisa, por sinal, compara “Curitiba” à “média das capitais”.

A confusão de termos, contudo, não é exclusividade da campanha. O próprio órgão que elaborou a pesquisa fala em “endividamento dos paranaenses” em notícia publicada mês passado – em vez de optar pela terminologia mais adequada, que seria falar de famílias em Curitiba.

A campanha de João Arruda, por sinal, cita como embasamento notícia da imprensa regional feita a partir dessa divulgação da Fecomércio.

Média de endividamento das capitais – Aliás, a média nacional de endividamento das famílias nas capitais é de 60,2%, conforme aponta o relatório nacional mais recente, também de julho, consolidado pela CNC. Na propaganda política, João Arruda fala em 56%.

Curitiba, capital dos endividados – A Federação de Comércio de São Paulo costuma publicar um relatório consolidado anual, a partir da Peic Nacional, no qual faz um ranking das capitais com mais famílias endividadas.

Em 2010, Curitiba era a 15ª capital no ranking de endividamento, com 63,99% das famílias endividadas.

No ano seguinte, a pesquisa já posicionou a capital no Paraná no topo do endividamento, com 90,30%. Posição que manteria em 2012 (88%), 2013 (87%), 2014 (89%), 2015 (87%) e 2016 (87%). No ano passado, de novo (87,9%).

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