Márcio Miranda diz que até 3 mil caminhões cruzam Belém diariamente, mas órgãos de trânsito não confirmam o dado
DEM - Márcio Miranda

Márcio Miranda diz que até 3 mil caminhões cruzam Belém diariamente, mas órgãos de trânsito não confirmam o dado

Em entrevista à rádio Unama FM, o candidato usou a circulação de caminhões na capital paraense para justificar a implantação de um projeto logístico na cidade

Transporte

Moisés Sarraf, Jéssica Oliveira, Guilherme Guerreiro Neto
4 minutos

“2,5 mil a 3 mil caminhões cruzam Belém diariamente pra levar essa carga, que normalmente vai pro Sul do país, pro Centro-Oeste ou pro Nordeste”, Márcio Miranda (DEM), em entrevista à Rádio Unama FM, no dia 17 de outubro.

Durante a entrevista à rádio universitária, Márcio Miranda foi perguntado sobre propostas inovadoras para melhorar a mobilidade urbana em Belém (PA). Em sua resposta, ele sugeriu a implantação do porto de Pernambuco, uma plataforma logística a ser instalada no rio Guamá para o escoamento de cargas na capital paraense. O porto seria uma forma de desafogar o trânsito de veículos pesados na cidade, já que, segundo o candidato, de “2,5 a 3 mil caminhões cruzam Belém diariamente”. Márcio Miranda se referia às cargas que são transportadas em balsas de Manaus (AM) a Belém e, a partir de então, deslocadas por meio das rodovias.

Apesar de proibida a circulação de veículos de carga entre 6h e 21h, caminhões trafegam livremente pelo centro de Belém (PA). Foto: Cristino Martins/Agência Pará.

Perguntamos à Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob), responsável pela gestão do trânsito na cidade, se há levantamento sobre o tema. O órgão informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “todos os dados que temos relacionados à circulação foram produzidos informalmente para basear algum estudo específico e interno, mas não podem ser utilizados como números oficiais anunciados pelo órgão”.

Consultamos ainda o Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran), o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), mas ambos responderam não possuir dados sobre circulação de caminhões na cidade. O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários e Empregados em Empresas do Comércio, Indústria, Construção Civil, Locação de Veículos e Prestação de Serviços do Município de Belém (Sintrobel) e com o Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Pará (Sindicam-PA), que, igualmente, não possuem nenhum levantamento sobre a questão. Ambos os sindicatos ressaltaram a dificuldade de se mensurar isso, considerando a impossibilidade de controle do que entra e sai da cidade.

Os únicos dados disponíveis sobre o assunto são da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que regula e fiscaliza serviços de infraestrutura de transportes. A agência informou haver, no Pará, 23.545 veículos que fazem transporte de cargas com registro ativo no órgão. Esse número diz respeito a várias categorias de veículos que atuam nessa modalidade, como caminhões leves, caminhões simples, tratores e caminhonetes.

A ANTT ainda destacou que essa “informação é com base na UF em que o veículo foi emplacado, não sendo possível garantir que corresponde a todos os veículos em circulação no Pará”. A agência informou não possuir dados específicos para Belém.

Procurada, a assessoria de imprensa de Márcio Miranda não informou a fonte da declaração do candidato. Como nem órgãos de trânsito nem entidades do setor disseram possuir os dados, o Truco nos Estados, em parceria com o Portal Outros400, atribuiu o selo ‘impossível provar’ à declaração do candidato.

Estudo de tráfego de caminhões

Em 2010, o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) realizou pesquisa para identificar os principais horários e as vias de grande circulação de carretas e caminhões em Belém, conforme notícia do portal G1, que ainda ressaltou a circulação irregular de caminhões pela capital.

Consultada, a PRF informou por meio de nota que, “após análise nos setores responsáveis da PRF, não foi possível encontrar o registro de estudos, em parceria com Ministério Público do Pará, que versem sobre essa temática citada na matéria”. Ainda segundo a nota, “algumas vezes acontece da PRF fornecer dados que subsidiam pesquisas em diversos órgãos, porém, não possuímos dados sobre volume ou quantidade de caminhões que entram no município de Belém.”

Segundo o MPPA, o estudo foi realizado pelo então promotor de Justiça de Meio Ambiente e Urbanismo, Benedito Wilson. A pesquisa analisou o impacto do tráfego de caminhões pesados em Belém e contou com dados cedidos informalmente pela PRF para que a antiga Companhia de Transportes do Município de Belém (CTBel), hoje Semob, pudesse fixar pessoal e equipamentos para realizar os trabalhos em relação ao tráfego desses veículos.

À época, o promotor foi autor de uma ação civil pública, já arquivada, para regularizar o horário de entrada e saída de caminhões pesados dentro da cidade. A ação do MPPA resultou no decreto de nº 66.368, de 31 de março de 2011, para disciplinar o tráfego de caminhões pesados dentro da capital. De acordo com a Semob, o decreto continua em vigor. O MPPA também informou não dispor dos dados. Tentamos contato com o promotor Benedito Wilson, mas não obtivemos resposta.

 

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