Nos últimos 15 anos, o Tocantins teve quatro mandatos de governador não concluídos, com afastamentos forçados pela Justiça, sob argumento de supostas irregularidades ou renúncias. O último mandato concluído sem interrupção foi em 2006.

A incrível instabilidade política no estado tem como pano de fundo uma Polícia Civil dividida em grupos de grande animosidade entre si e unidades policiais buscando autonomia total com operações com grande apelo midiático.

A última queda de governador foi em 2021, na gestão Mauro Carlesse, à época filiado ao PSL. Os desentendimentos dentro da Polícia Civil estão na origem e no centro da Operação Éris, que levou à sua derrocada.

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Na denúncia estão como supostas vítimas do governador seis pessoas, todas delegados da Polícia Civil. Na lista das supostas testemunhas, menciona-se cinco pessoas, das quais também três são delegados e uma é escrivã de Polícia Civil.

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Segundo o grupo político de Carlesse, a criação da Delegacia de Repressão a Crimes de Maior Potencial Contra a Administração Pública (Dracma), em março de 2017, foi o marco inicial que trouxe imediatas consequências no tabuleiro da política tocantinense.

A principal acusação da denúncia é que o governador e outros agentes públicos promoveram uma série de mudanças de cargos na Polícia Civil para prejudicar investigações de corrupção. Porém, uma gravação inédita coloca a Operação Éris na berlinda, pelos métodos empregados e suas motivações.

Em áudio obtido pela Pública, um policial federal pressiona Thiago Resplandes, policial civil, para colaborar na Operação Éris. Poucas semanas antes da gravação, em 2021, a operação abalara o estado ao afastar do cargo o então governador Mauro Carlesse.

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Duílio é ex-integrante da Operação Lava Jato em Curitiba (PR) e do governo Bolsonaro na gestão do então ministro da Justiça Sérgio Moro. O áudio foi gravado em novembro de 2021 pelo próprio Resplandes, que está na polícia do Tocantins há cinco anos.

Em sua primeira entrevista após o afastamento, Mauro Carlesse (Agir-TO) contou à Pública que foi vítima de um “processo político, jurídico e policial” e que nunca foi ouvido pelo STJ antes da decisão. Acusou “um golpe de Estado mais esquisito do mundo”.

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Ele afirmou também que o Tocantins, que não vê um governador completar um mandato eletivo desde 2006, vive “um Estado policialesco”. O ex-governador atribuiu sua queda ao conflito de sua gestão com um grupo de delegados que, segundo ele, se considerava acima das leis.

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