Mesmo ameaçados pelo agronegócio, agricultores criam oásis agroflorestal no Pará, mas são ameaçados pelo isolamento, falta de energia e incêndios criminosos atrapalham cultivo em Anapu.

O casal Lindoval e Lea também relatam que já foram acordados na madrugada com o som de um tiro para o alto e perceberam que sua casa de farinha tinha sido incendiada.

Lindoval diz ser o primeiro morador do Lote 96, área da União destinada à reforma agrária e ocupada por famílias de agricultores sem-terra há pelo menos 12 anos.

A área, de cerca de 4 mil campos de futebol, é disputada entre os agricultores e o espólio do fazendeiro Antônio Borges Peixoto, tendo se tornado, nos últimos anos, o atual epicentro do conflito agrário de Anapu.

De acordo com o Mapa dos Conflitos, uma ferramenta da Agência Pública em parceria com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Anapu registrou 177 conflitos entre 2009 e 2021.

O movimento campesino da região denuncia a existência de um “consórcio da morte”, uma organização entre agronegócio e poder público por trás dos conflitos e assassinatos.

A missionária Dorothy Stang viveu e foi uma das militantes pela reforma agrária assassinadas no município. Sua luta foi homenageada na criação do Projeto de Assentamento Irmã Dorothy Stang, pelo Incra.

A floresta plantada pelo próprio Lindoval já encheu quase todo o lote de cerca de dez campos de futebol. “A gente plantou tudo. Meu sonho é matar o pasto todinho e plantar. Eu não como capim”, resume ele.

Essa matéria faz parte do especial Amazônia Sem Lei, que investiga violência relacionada à regularização fundiária, demarcação de terras e reforma. E spoiler: em breve o podcast terá segunda temporada!

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