Os documentos e testemunhos de mais de 40 pessoas foram obtidos por grupo da Unifesp que realiza pesquisa sobre empresas ligadas à ditadura militar no Brasil, e analisados com exclusividade pela Agência Pública.
Na ditadura, o grupo Folha teria emprestado carros de distribuição de jornais para que agentes da repressão os usassem como disfarce em operações do regime nas ruas e que teriam resultado em prisões, assassinatos e desaparecimento de militantes da esquerda armada.
Um dos testemunhos mais importantes foi do ex-agente de informação do Exército, Marival Chaves do Canto. Ele afirma que os carros eram usados como cobertura de encontros entre militantes da esquerda armada que na maioria das vezes eram presos e assassinados.
As declarações às quais a Pública teve acesso contradizem a principal versão dos antigos donos da Folha, Octavio Frias de Oliveira e Carlos Caldeira Filho, que sempre negaram ter dado apoio material à repressão.
afirmou o ex-agente Marival Chaves do Canto.
Segundo relatos, o episódio mais emblemático ocorreu em 1971, em São Paulo, quando três guerrilheiros da ALN foram atraídos para uma cilada e acabaram surpreendidos por policiais que repentinamente teriam saltado de dentro de uma camioneta baú da frota da Folha.
afirmou Suzana Lisboa, ex-militante da ALN, à Comissão Nacional da Verdade em 2014.