No Território da Borborema, na Paraíba, agricultores familiares se preparam para enfrentar as mudanças climáticas e a degradação ambiental com tecnologia e gestão coletiva de recursos.

O Curimataú, o Cariri e o Seridó são as áreas mais secas do estado, como explica o professor Bartolomeu Israel de Souza,do Departamento de Geociências da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A região foi seriamente afetada pela seca de 2012 a 2017, que, segundo ele, foi a maior do século.

No Semiárido, as chuvas são heterogêneas no espaço e no tempo. Mas, de 2012 para cá, não teve um período bom de chuva. Uma seca quase sem interrupção. Precisamos de um plano de Estado, pensar o Nordeste, pensar a região de forma diferenciada porque é diferenciada.

Bartolomeu Israel de Souza professor da UFPB.

Maria Helena Silva Barbosa, a Lena, vive na região do Curimataú, a mais seca do Território da Borborema, com o marido e dois filhos. Ela conta que, sem terra para viver ou produzir, seu pai e sua mãe viviam como nômades, sempre correndo para o brejo quando a seca apertava.

Um dia a mãe levou os filhos para pesar e vacinar e ficou sabendo que ia acontecer uma reunião sobre cisterna. “Quase caiu a casa. O pai disse que era cilada, que aquilo não existia. Mãe foi pra reunião e quando chegou já tava cadastrada”, relata.

A resistência inicial transformou-se em euforia logo no período chuvoso seguinte, que encheu a cisterna e passou a garantir água para as necessidades básicas ali ao lado da casa.

A chegada das cisternas no sertão, no início dos anos 1990, mudou a vida das famílias de Lena e tantas outras mulheres do agreste paraibano. Foi esse um dos frutos da união das comunidades com organizações da sociedade civil reunidas na Articulação Semiárido Brasileiro (ASA).

E é novamente com base na união das comunidades e na troca de saberes que a AS-PTA e o Polo da Borborema, uma rede de sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais e que também integra a ASA, se preparam para vencer a desertificação progressiva do Semiárido.

A ação começou com o processo de formação do Projeto Borborema Agroecológica, onde foi apresentado o Fundo Rotativo Solidário, um aprendizado coletivo na gestão de recursos, organizado por mulheres e jovens.

Com o uso planejado do fundo, eles pretendem reforçar a segurança alimentar no arredor de casa, com reúso de águas, diversificação produtiva com distribuição de mudas, tela para criação de galinhas, kit para produção de hortaliças, kit para apicultura.

Maria Lúcia da Silva Andrade Pereira, da comunidade de Benefício, em Esperança, está feliz da vida com as mudanças no “arredor de casa” para “investir mais na produção de alimentos e não depender tanto dos comprados na rua”.

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