Os conflitos no campo seguiram acima da média no terceiro ano do governo Jair Bolsonaro (PL). Em seu levantamento anual, “Conflitos no Campo Brasil 2021”, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) registrou 1.768 ocorrências, uma média de 34 por semana.

Nos dois primeiros anos de Bolsonaro na presidência, foram computadas 1.903 e 2.054 ocorrências, respectivamente. A média para os 18 anos anteriores, entre 2001 e 2018, é de 1.408 ocorrências de conflitos.

As ocorrências registradas pela CPT estão especialmente concentradas nos nove estados da Amazônia Legal: foram 939, o equivalente a 53% do total. Em nível nacional, os conflitos afetaram quase 900 mil pessoas.

Entre os mais afetados estão os indígenas, posseiros, quilombolas, sem-terra, assentados e ribeirinhos. Os conflitos foram deflagrados especialmente por fazendeiros, empresários, grileiros, agentes do governo federal e também mineradoras internacionais e garimpeiros, segundo levantamento da CPT.

Foto: Chico Batata/Greenpeace

A CPT registrou também 35 assassinatos no campo em 2021, 28 deles ocorridos na Amazônia Legal. O número é quase o dobro do registrado em 2020, quando foram computados 18 assassinatos. É também o maior número dos últimos quatro anos.

Entre as mortes registradas pela CPT está a de Fernando dos Santos Araújo, assassinado em 26 de janeiro de 2021 com um tiro na nuca. Fernando era um dos sobreviventes e a principal testemunha da Chacina de Pau d’Arco, ocorrida em 24 de maio de 2017, na cidade a 860 km de Belém (PA).

Lunaé Parracho/Repórter Brasil

Em 2021, os casos de violência contra mulheres no contexto de conflitos foram ao menos 53, incluindo dois assassinatos, ambos ocorridos no Maranhão. Esses números podem ser ainda mais altos, já que muitos dos casos não têm informações acerca do gênero da pessoa afetada.

A cada 4 vítimas de algum tipo de “violência contra a pessoa” registrado em 2021, aproximadamente uma era indígena Yanomami. 

A CPT computou 3 assassinatos, 12 tentativas de assassinato e 101 mortes em consequência, relacionadas ao cerco de garimpo, à contaminação de rios com mercúrio, à proliferação de doenças e à desassistência na saúde pública.

Foto: Chico Batata/Greenpeace

A CPT também registrou 169 casos de trabalho escravo rural que afetaram 2.035 trabalhadores, sendo 64 menores de idade. É a primeira vez que o número de casos ultrapassa a marca de 100 e o de afetados a marca de 2.000 desde 2014.

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