Entre imagens religiosas, Abel José, sacerdote da Umbanda, acende algumas velas, apanha suas guias de proteção e acomoda o seu chapéu de palha na cabeça.

Ele se prepara para atender quatro pessoas de povoados vizinhos, que vieram à sua casa em busca de ajuda espiritual.

O encontro acontece discretamente num quartinho construído nos fundos da garagem da sua casa. Abel é morador do quilombo Sítio Bredos, comunidade onde vivem 135 famílias.

Sítio Bredos é uma das quatro comunidades certificadas pela Fundação Cultural Palmares como remanescentes de quilombos no município de Betânia, no Sertão do Moxotó, em Pernambuco. As outras três são os sítios Baixas, São Caetano e Teixeira.

Nesses povoados, quase não há mais praticantes de religiões de matriz africana. No Sítio Teixeira, já não há mais praticantes da Umbanda.

Os quilombos de Betânia têm sido tomados pela atividade missionária evangélica desde a construção da primeira igreja da Assembleia de Deus no quilombo Bredos, há aproximadamente 20 anos.

De lá para cá, outras igrejas e congregações evangélicas, pentecostais e neopentecostais, se instalaram nos seus territórios. Hoje já são nove templos espalhados pelas quatro comunidades, onde vivem aproximadamente 900 famílias.

Enquanto as igrejas se multiplicavam dentro dos territórios dos quilombos, as religiões de matriz africana foram perdendo espaço. Os últimos praticantes da umbanda estão isolados e sofrem pressão para abandonar seus rituais.

Os praticantes da umbanda na região temem o preconceito religioso e são frequentemente abordados por pastores locais que tentam convertê-los, causando pressão até dentro de suas famílias, onde muitos se converteram à religião evangélica.

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