O Brasil é o destino de mais da metade dos registros de exportações de agrotóxicos proibidos na Europa e associados à morte de abelhas.
Entre setembro e dezembro de 2020, mais de 3,8 mil toneladas dessas substâncias foram registradas para serem exportadas na Agência Europeia das Substâncias Químicas (ECHA) — o Brasil era o destino de 2,2 mil toneladas, 58% do total.
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Além do Brasil, outros 59 países estão na lista de destinos dos produtos proibidos na União Europeia. Os principais são a Rússia, Ucrânia, Argentina, Irã, África do Sul, Indonésia, Gana, Mali e Cingapura. Já a lista dos maiores exportadores é encabeçada pela Bélgica, França e Alemanha, seguidos por Espanha, Grécia, Reino Unido, Dinamarca, Áustria e Hungria.
São inseticidas à base de três neonicotinóides: tiametoxam, imidacloprido e clotianidina. Os neonicotinóides são quimicamente semelhantes à nicotina e matam insetos atacando seu sistema nervoso central.
Eles foram introduzidos na década de 1990 e são os inseticidas mais usados no mundo. Altamente solúveis em água, eles podem ser facilmente transportados para lagos, rios e lençóis freáticos, além de se acumularem no solo.
A Comissão Europeia assumiu o compromisso de parar de exportar agrotóxicos proibidos na Europa em outubro de 2020, após um primeiro levantamento da Unearthed e Public Eye revelarem que fabricantes da UE despachavam milhares de toneladas de pesticidas proibidos para países pobres.
O Ibama já havia proibido a pulverização aérea dessas substâncias em 2012. O órgão, no entanto, liberou provisoriamente a aplicação dos pesticidas em lavouras de algodão, arroz, cana-de-açúcar, soja e trigo até que fossem encerrados os processos de reavaliação dos efeitos sobre o meio ambiente — o que até hoje não ocorreu.
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Em 2019, um levantamento da Pública e Repórter Brasil mostrou que mais de 500 milhões de abelhas foram encontradas mortas em quatro estados brasileiros em apenas três meses, entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019. O principal causador das mortes das abelhas é o contato com agrotóxicos à base de neonicotinóides e de pirazol.
Um estudo de 2018 da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) demonstrou que 67% das mortes em coletas de abelhas analisadas em São Paulo — estado que representa 10% da produção nacional de mel — ocorreram devido ao uso incorreto dos inseticidas.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 75% dos cultivos destinados à alimentação humana no mundo dependem das abelhas.