Levantamento exclusivo da Agência Pública revela que 251 candidatos às eleições em 2022 têm, juntos, multas ambientais que passam dos R$ 84 milhões. Entre os nomes estão governadores, lideranças bolsonaristas e lobistas de garimpo.
O partido com maior quantidade de representantes multados é o Progressistas (PP), do atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. São 25 candidatos multados concorrendo pela sigla. Em seguida, está o Partido Liberal (PL), de Jair Bolsonaro, com 24 políticos.
Já considerando o valor das multas, quem lidera é o próprio PL de Bolsonaro: os candidatos do partido somam R$ 18 milhões de reais em infrações. O próprio presidente também já foi multado pelo Ibama em R$ 10 mil por pesca irregular em unidade de conservação.
Apoiador de Bolsonaro, o candidato a deputado federal pelo Pros-MT Clésio Carvalho tem o maior valor em multas dentre os candidatos nas eleições deste ano: R$ 15 milhões por desmatamento ilegal de mais de 13 mil hectares na Terra Indígena Menkragnoti (MT).
Segundo o Ibama, o grupo no qual Carvalho estava envolvido invadia florestas, retirava e vendia a madeira de valor, derrubava a mata remanescente e ateava fogo para iniciar o plantio de capim e criação de gado.
Governador do Pará e candidato à reeleição pelo MDB, Helder Barbalho foi multado em R$ 500 mil em 2012 por lançamento de resíduos em desacordo com a lei. Em 2019, ele sancionou uma lei acusada de facilitar a grilagem de terras.
Atual governador de Roraima e disputando a reeleição pelo PP, Antônio Oliverio Garcia de Almeida, conhecido como Antônio Denarium, foi multado em R$ 135 mil pela destruição de cercas em 26 hectares de floresta nativa amazônica, na cidade de Iracema - RR, em 2018.
Denarium é um dos investidores da Frigo 10, um dos maiores frigoríficos de Roraima, e tem atuação nos ramos imobiliário e agrícola. Ele sancionou leis apontadas como antiambientais, como a que proibiu a destruição de equipamentos do garimpo ilegal e a que autorizou o garimpo ilegal.
Eleito na onda bolsonarista em 2018 e ainda próximo ao presidente, Denarium já foi acusado de compra de votos e caixa dois e manteve parentes em cargos públicos.
Considerado um dos principais aliados de Bolsonaro no senado, Márcio Bittar (União Brasil), concorre ao governo do Acre. Ele foi autuado pelo Ibama em 2004, por desmatamento sem autorização em Sena Madureira (AC).
Já o ex-presidente da Aprosoja Antônio Galvan, que concorre ao Senado pelo PTB-MT, foi multado duas vezes em Vera (MT), somando R$ 1,56 milhão. Líder do movimento bolsonarista Brasil Verde e Amarelo, ele aposta em críticas ao STF e na defesa de políticas armamentistas.
Os candidatos citados foram procurados pela reportagem, mas não houve retorno até a publicação.