São Paulo acaba de perder uma estação de metrô que homenagearia o educador Paulo Freire – em março de 2023, o metrô decidiu trocar o nome de Freire pelo do bandeirante Fernão Dias, notório caçador e escravizador de indígenas.

A decisão foi tomada através de uma pesquisa que ouviu apenas 321 pessoas entre 26 de outubro e 16 de novembro de 2022, segundo detalhes obtidos através da Lei Acesso à Informação (LAI) pela Agência Pública.

Enquanto 182 pessoas escolheram o nome Fernão Dias (57%), 94 votaram pelo de Paulo Freire (29%) e 45 por Parque Novo Mundo (14%). A diferença de votos entre Fernão Dias e Paulo Freire foi de menos de 90 pessoas.

A nova estação ficará na divisa entre os municípios de São Paulo e de Guarulhos e, embora a construção não tenha começado, desde 2013 leva o nome do educador — ele foi usado em todo o processo de desapropriações e nos projetos arquitetônicos que concorreram à licitação para a construção.

Segundo a resposta à LAI, o estudo de nomenclatura é uma “prática consolidada”, que inclui um levantamento topográfico da região para detectar referências urbanas próximas que podem dar o nome às estações; e uma pesquisa com moradores e usuários do entorno das estações, num raio de 600 metros.

O nome Fernão Dias refere-se à rodovia de mesmo nome que liga os dois municípios, enquanto Paulo Freire se refere à avenida, segundo a resposta, assinada por Marcello Borg, coordenador dos Serviços de Informação ao Cidadão da Companhia do Metrô de São Paulo.

Borg defende  que “ao contrário dos nomes dados a muitos logradouros públicos, as denominações dadas às estações do Metrô de São Paulo não são outorgadas em homenagem a personalidades”.

A troca do nome tem sido alvo de críticas por homenagear um personagem com histórico de exploração de populações indígenas, em vez de um notório intelectual. Patrono da educação brasileira, Paulo Freire revolucionou o ensino ao criar a Pedagogia do Oprimido.

Nos últimos anos, houve duas trocas de nomes de estações do Metrô e da CPTM por projetos de lei ou decretos. A estação Liberdade do metrô virou “Japão-Liberdade”, uma homenagem à diáspora japonesa, e a estação de trem Mendes-Vila Natal ganhou o nome de Bruno Covas, ex-prefeito de São Paulo que morreu aos 41 anos de câncer.

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