A chegada da mineradora Pedras do Brasil S/A na comunidade tradicional de Fundo de Pasto de Caboclo, na zona rural de Juazeiro, no semiárido baiano, iniciou uma disputa judicial entre a empresa e as 16 famílias que ocupam o território, e que resistem à exploração da região há pelo menos cinco anos.

Os bichos criados soltos e livres, são a principal característica dos chamados Fundos de Pasto – comunidades tradicionais do Sertão, onde famílias dividem uma área comum para criação de animais.

Em 2019, a mineradora alegou ter comprado parte das terras e retornou ao local com maquinário para extração de quartzito, uma rocha muito utilizada na construção civil e abundante na região. Os moradores questionam a venda da área por um único posseiro, acusado de forjar documentação.

Ivonete Laurindo conta que a organização política da comunidade, predominantemente liderada por mulheres, surgiu apenas a partir da chegada da mineradora. “Antes disso não precisava. Questões internas se resolviam ouvindo os mais velhos”.

Além de Caboclo, outros Fundos de Pasto protestam contra mineradoras já instaladas. É o caso de Angico dos Dias e das comunidades ribeirinhas próximas a Sento-Sé, também na Bahia.

De acordo com um levantamento da Pastoral da Terra, essa mesma região chega a ter 90% da sua área mapeada para exploração mineral.

Os moradores falam em desmatamento, grilagem de terras e violência, mas também tocam numa ferida antiga: muitas das famílias afetadas pela mineração são as mesmas que foram tiradas de suas casas para a construção da barragem de Sobradinho, na década de 70, quando quatro cidades inteiras ficaram submersas

Hoje, famílias se colocam mais vez contra grandes empreendimentos que ameaçam o modo tradicional de vida no semiárido.

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