A COP 26 revelou para o mundo o protagonismo das indígenas na luta pelos seus territórios e pelos direitos dos Povos Originários.

Este caminho foi trilhado por lideranças como Tuíra Kayapó. “Juntas somos fortes pra enfrentar qualquer inimigo”, disse à Pública.

Tuíra Kayapó, em entrevista à Agência Pública.

“Juntas somos fortes pra enfrentar qualquer inimigo”.

Já faz 32 anos, que Tuíra enfrentou o então presidente da Eletronorte, responsável pela Hidrelétrica de Belo Monte.

“Eu pensei, o rio Xingu é minha casa e eu tenho que protegê-la de tudo”.

Foto: Paulo Jares, 1989

 “No passado eu era a única defensora mulher a lutar pelo meu povo e pela natureza. Eu sozinha defendia a mata, os rios, as vidas dentro dela. Já hoje, minhas filhas, minhas netas, estão dando continuidade na luta”.

Vídeo APIB

A imagem virou um marco da luta feminista indígena.

Se estivesse frente a frente com o presidente Jair Bolsonaro, Tuíra garante que repetiria o mesmo gesto de 1989. “Eu iria mostrar de novo minha fúria pra defender minha mata e meu povo. Pra ele respeitar e ficar longe de nós”.

Em 2019, Tuíra também enfrentou em audiência na Câmara, o deputado José Medeiros, que defendeu a abertura das Terras Indígenas aos grandes projetos econômicos.

Vídeo: Oswaldo Braga

A liderança vive na Terra Indígena Las Casas, na comunidade Tekrejarôtire, Pará. Ela conta que para defender seu povo se inspira nos seus dois avôs. “Eles lutavam e defendiam a gente e eles foram minhas inspirações pra dar continuidade na luta contra o inimigo. Eu sou o que sou por causa deles”.

                                                  

A guerreira ressalta que “Todos nós teremos nossas futuras gerações e eles dependem de nós hoje para que eles possam existir. Eu luto por todos nós, luto pelo ar que todos nós respiramos”.

Sua luta é pelas futuras gerações

Ela conversou com a Pública em Brasília, no dia 08 de setembro, durante a 2ª Marcha das Mulheres Indígenas. A entrevista contou com a tradução do seu sobrinho, Bepkrwa Atydjare Kayapó.

A anciã deixou uma mensagem aos políticos: “Me ouçam seus deputados, senadores, governadores, prefeitos e vereadores, sempre estaremos aqui para defender nossos territórios. Sempre existiremos."

E também uma mensagem aos brasileiros: “A natureza pede socorro e esse governo não está ouvindo, só nós estamos ouvindo, então nos ajude a defender a natureza. A luta é de todos. Vamos nos salvar, pessoal”.

Guardiões de 80% das florestas, os indígenas foram a Glasgow para dizer o que estão ouvindo das matas, rios e animais do Brasil. Protagonistas na conferência com a maior delegação indígena já vista na COP e de maioria feminina.

Para saber mais sobre a participação das mulheres indígenas na COP 26 acesse:

Foto: Kiara Worth / UNFCCC_COP26

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