Os lotes 96 e 97, são os atuais epicentros da violência agrária de Anapu, um dos municípios com recordes de conflitos no campo nos últimos 12 anos, de acordo com os dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), sistematizados no Mapa de Conflitos da Agência Pública.
A violência no Xingu é chamada de "consórcio da morte", nome dado ao grupo de fazendeiros mandante do assassinato da irmã Dorothy e que estariam por trás de conflitos atuais, como os dos lotes 96 e 97.
O consórcio segue impune há quase 20 anos. Muitos em Anapu sabem listar integrantes do grupo, mas a Justiça parece não conseguir nomear nenhum envolvido. Depois do caso Dorothy, em 2005, já tombaram outras 19 pessoas na luta pela reforma agrária em Anapu.
Distritos inteiros de Altamira, maior município do país em extensão territorial, não possuem policiamento.
A construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte complementou o caos fundiário, deslocando de seu território centenas de famílias ribeirinhas, descendentes de indígenas e dos pioneiros seringalistas.
As Mães do Xingu participaram da fundação do Fórum Regional de Segurança Pública e foram responsáveis pelo aumento do efetivo policial e por criar a Patrulha Maria da Penha em Altamira.
Enquanto parte de uma juventude que cresceu sem oportunidades é encarcerada, a impunidade do “consórcio da morte” e demais empresas por trás das organizações criminosas segue deixando vítimas, e o Estado segue confessando sua ineficiência.
Para o pesquisador Aiala Colares Couto, a violência e os conflitos na Amazônia ganharam novas complexidades, abastecidos pelo comércio de armas e cada vez mais articulados com o narcotráfico e a lavagem de dinheiro.