A 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-26) foi realizada em Glasgow, na Escócia, e nossa repórter Anna Beatriz Anjos estava lá para resumir os principais acontecimentos e como eles atravessam as vidas do sul global.

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Das ruas aos espaços oficiais, lideranças indígenas conquistam protagonismo na COP-26. E mulheres são as principais vozes do Brasil.

                       

A conferência foi marcada por um comunicado inédito: governos e entidades filantrópicas anunciaram que doarão US$ 1,7 bilhão para que povos indígenas e comunidades locais protejam seus territórios e ajudem a combater as mudanças climáticas.

Já é um consenso científico, por exemplo, que terras indígenas funcionam como barreiras contra o desmatamento, o que é essencial para evitar emissões de CO2, já que as árvores, quando cortadas, liberam o gás de efeito estufa (GEE) na atmosfera.

Foto: Caio Mota/Apib

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) teve sua maior comitiva da história: mais de 40 representantes. Nela, estavam Sonia Guajajara, Célia Xakriabá, Samela Sateré Mawé e Juma Xipaia.

Foto: Kiara Worth / UNFCCC_COP26

“(...) [mas] nunca disseram: vamos abrir a porta e esse espaço é de vocês. A gente sempre está falando: somos importantes para essa discussão”. Sineia do Vale Wapichana coordenadora do Departamento Ambiental do Conselho Indígena de Roraima (CIR)

Conheça a visão de outros indígenas que conversaram com a Pública:

Se indígenas que habitam o Brasil ocuparam os espaços de dentro e fora da COP-26 pautando seu papel na luta por justiça climática, o governo brasileiro teve seus negócios internacionais desestimulados por conta da baixa credibilidade no tema durante gestão Bolsonaro.

Ao apresentar o projeto Floresta+, ministro do Meio Ambiente Joaquim Leite destacou ações da atual gestão e foi criticado por ambientalistas, tanto por conta do aumento do desmatamento na Amazônia como também pela frase “onde existe muita floresta também existe muita pobreza”.

O Pacto de Glasgow é o resultado de duas semanas de conferência com negociações entre 20 mil diplomatas de quase 200 países.

Ele reforça a importância de se perseguir o limite de 1,5°C de aumento da temperatura do planeta.

O documento gerou desapontamento entre especialistas e ativistas do clima, pois não atendeu ao clamor por ajuda financeira dos países que já sofrem as catastróficas consequências do aquecimento global em forma de grandes tempestades, enchentes, furacões, secas e aumento do nível do mar. Para especialistas, o fundo é decisivo para que haja justiça climática.

Defendido com unhas e dentes pelos blocos de negociação dos países mais pobres e ameaçados, o fundo de reparação para perdas e danos não foi levado em consideração.

“loss and damage”, ou “perdas e danos”, em português.

“O financiamento em geral, mas especificamente em perdas e danos, foi o grande fracasso dessa COP. Foi um tapa na cara dos países vulneráveis que já estão sofrendo esse impacto”. Stela Herschmann Especialista em política climática do Observatório do Clima

No final das contas, a única conquista palpável no capítulo de perdas e danos foi a determinação de que as partes desenvolvidas financiem o trabalho da Rede de Santiago, criada em 2019 para prestar assistência técnica aos países afetados. Embora exista há dois anos, até hoje não está em plena atividade.

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