Quem olha o cenário atual da Escola Municipal Radialista Edécio Lopes, no Pinheiro, bairro de Maceió, já não consegue se lembrar do tempo em que o espaço era dedicado a construir o futuro. O lugar que por tanto tempo foi referência para o bairro hoje afunda.
O clima de incerteza na Edécio Lopes num sábado de março de 2018, quando um tremor de terra com magnitude 2,5 na escala Richter foi registrado em vários bairros da cidade. Para alguns, parecia o fim do mundo.
Paredes racharam, parte do asfalto cedeu e buracos apareceram no piso de dezenas de imóveis. Prédios, casas e estabelecimentos comerciais foram esvaziados, sob orientação da Defesa Civil de Maceió, assim como escolas.
Apenas um ano e dois meses depois, em maio de 2019, o Serviço Geológico do Brasil apresentou à sociedade um laudo conclusivo revelando a principal causa do surgimento das rachaduras: a atividade de mineração na extração de sal-gema da bilionária Braskem.
A retirada do material, um tipo de cloreto de sódio utilizado na fabricação de soda cáustica e do plástico PVC, foi feita de forma inadequada pela Braskem por décadas, desestabilizando as cavernas subterrâneas e provocando o afundamento do solo.
A reportagem da Pública procurou a Braskem para saber mais detalhes sobre a assistência dada aos estudantes e ao patrimônio escolar. Em nota enviada, a mineradora disse que monitora e faz ações de reparo e manutenção das unidades de ensino localizadas nas áreas de monitoramento.
A região foi quase totalmente evacuada, tornando-se uma área fantasma na capital. Cerca de 57 mil pessoas foram afetadas, de acordo com o Movimento Unificado das Vítimas da Braskem.
As consequências geradas pelo crime ambiental atingiram diversas frentes, mas há uma área em que os prejuízos são incalculáveis: a educação.
Ao menos outras 18 unidades de ensino públicas, com mais de 7 mil alunos no total, foram afetadas com o processo de instabilidade das 35 minas de sal-gema da mineradora.
De uma hora para outra, alunos, pais, professores e técnicos tiveram que conviver com inúmeras incertezas, suspensão das aulas presenciais ainda antes da pandemia de covid-19 e rachaduras por todos os lados.
Em julho de 2023, a Braskem firmou acordo de indenização com a prefeitura de Maceió por conta do afundamento de bairros em decorrência da mineração inadequada de sal-gema