Por Rute Pina
Fotos: José Cícero/ Agência Pública
“A preservação do território pode estar em risco, tanto pelo abandono do governo federal quanto pela entrada destes fazendeiros, que têm uma visão de transformação para grandes lavouras e grande pecuária”, diz o quilombola Boaventura Carvalho.
Desde 2004, quando começou o processo de titulação, apenas 13% dos 262 mil hectares do território foram passados oficialmente para os quilombolas. Com a paralisação de pagamentos de indenizações na região por parte do governo, os quilombolas dizem que fazendeiros têm retornado às terras.
A degradação do meio ambiente pode piorar um problema que já é grande na região: a seca por conta da falta de chuvas. Dona Antônia contou que há duas décadas a mudança do clima já é perceptível. Hoje ela tem que comprar arroz no mercado, alimento que até pouco tempo ela plantava.
Essas invasões ameaçam o modo de vida dos kalungas, que praticam agricultura de subsistência e, por exemplo, criam seus gados livres no território. Além disso, os invasores têm promovido desmatamento de um território reconhecidamente preservado.