A Agência Pública ouviu relatos de pessoas trans que teriam sido banidas do Tinder por um único motivo: transfobia.

O Brasil é o terceiro país do mundo em número de usuários do Tinder, um dos apps de relacionamento mais populares. Utilizado por pessoas de diferentes orientações sexuais e identidades de gênero, o Tinder vem sendo acusado por usuários de não oferecer o mesmo tipo de tratamento para todos.

Pessoas trans estariam sendo excluídas do aplicativo de forma compulsória, segundo os relatos, há pelo menos seis anos no Brasil, sem que a plataforma esclareça o motivo do bloqueio ou dê a chance  aos usuários de apresentar algum tipo de defesa antes de serem banidas.

As pessoas ouvidas pela Pública relataram que foram excluídas automaticamente do aplicativo porque tiveram seus perfis denunciados por vários usuários apenas por suas identidades de gênero. Isso acontece porque o algoritmo do aplicativo permite a exclusão automática de um perfil que receba muitas denúncias.

Segundo Adda Lygia Rissope, designer de moda que usa o Tinder há seis anos na cidade de São Paulo, não é preciso passar muito tempo no aplicativo para perceber que algumas regras como “Nudez/conteúdo sexual” ou “Falsificação de identidade” são frequentemente infringidas.

Segundo as mulheres trans ouvidas pela reportagem, as agressões e discursos de ódio proferidos por alguns usuários também são recorrentes. Todas relataram terem sido ameaçadas ou ofendidas com comentários transfóbicos.

Muitas mulheres entrevistadas nesta reportagem relataram continuar usando aplicativos de encontro pela falta de oportunidade de conhecerem parceiros em locais públicos, pela objetificação de seus corpos e pela falta de relações de afeto em seus cotidianos.

O algoritmo do Tinder apontado como discriminatório não é uma particularidade brasileira. Reportagens publicadas pelos sites The Independent, BBC News e Teen Vogue mostram que o problema vem sendo alertado por usuários trans desde 2017.

No Brasil, a artista performática Romagaga publicou um vídeo em seu Twitter em julho de 2020, relatando ter dificuldades para manter uma conta no Tinder por muito tempo e levantando a hashtag #TinderTransfobico.

Reprodução twitter Romagaga

Diante da repercussão do vídeo na rede social, a hashtag #TinderTransfobico reuniu dezenas de relatos de pessoas trans passando pelo mesmo tipo de situação.

Reprodução Twitter

Apesar de os relatos de transfobia terem começado a vir a público em 2016, o Tinder só começou a criar campanhas sobre pautas LGBTQIA+ em suas redes sociais em 2020. Desde então, fotos e vídeos sobre temáticas de gênero, orgulho LGBT e transfobia ocupam grande parte das postagens da empresa.

Reprodução instagram

A reportagem entrou em contato com o Tinder Brasil, que preferiu responder os questionamentos por meio de nota.

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