Há cidades cuja história oficial é quase totalmente capturada pela trajetória de uma só grande personalidade, cujo nome se repete em placas turísticas. Mas há também o oposto, quando território e gente se tornam um só personagem.

É o caso de Maria da Guia, presidente de um sindicato em Altamira (PA), que é palco de uma tragédia sobre um cotidiano de estrada-barragem-migração-crime que rouba a história de sua própria gente.

A vida de Maria acompanha essa transformação social. Ela se mudou com a família para as margens da Transamazônica, no rastro das promessas de futuro feitas e imediatamente abandonadas pelo Estado brasileiro.

Maria conseguiu um emprego no Sindicato da Construção Civil e do Setor Florestal de Altamira e Região da Transamazônica (Sinticma). Como grande parte das terras foram doada a latifundiários, os conflitos agrários explodiam na região.

Ao longo da carreira, Maria foi responsável por acompanhar inúmeras denúncias de trabalho em condições análogas à escravidão. Ela revela que desde a reforma trabalhista de 2017, as fiscalizações enfraqueceram muito na região.

Com o fim das obras de Belo Monte, a partir de 2015, Altamira viveu uma grave onda de desemprego. Mais de 20 mil trabalhadores dos canteiros de obras foram demitidos e a economia local sofreu uma queda de 52% em um ano.

A falta de oportunidades e a queda na economia potencializaram a crise. Os aparelhos públicos de saúde e segurança ficaram sobrecarregados com a nova população, que pulou de 90 mil, antes da barragem, para 170 mil durante sua construção, e hoje figura em cerca de 115 mil.

Maria é sindicalista há 23 anos e altamirense por opção. Hoje, encontra a paz cuidando de suas plantas e sintetiza uma certeza que a motiva: “as grandes conquistas da Amazônia se deram pelos movimentos sociais”.

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