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O dia em que a CPI protegeu Cunha

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Deputados presentes no depoimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, (PMDB-RJ) na CPI da Petrobras, em 12 de março, preferiram elogiá-lo a fazer questionamentos sobre as acusações que pesam contra ele nas investigações da operação Lava Jato. Reportagem do Congresso em Foco mostra como a sessão foi transformada em um ato de desagravo, o que fica evidente nas frases ditas pelos parlamentares. Cunha, que compareceu voluntariamente, foi chamado de “homem de Deus” e qualificado como brilhante, independente e corajoso.

Durante o depoimento, Cunha negou ter contas bancárias fora do país. Com a revelação de suas contas na Suíça, o presidente da Câmara foi alvo de uma representação encaminhada por PSOL e Rede ao Conselho de Ética da Casa. Um processo que pode levar à cassação do seu mandato deve ser aberto em breve. O parlamentar tenta manter-se no cargo, usando como trunfo a possibilidade de abrir um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

Veja, a seguir, algumas das falas dos deputados durante a sessão da CPI:

Carlos Sampaio (PSDB-SP) – “Eu reputo que vossa excelência está nesta hipótese muito clara de indícios desmentidos por delatores. Na minha concepção, vossa excelência não perde, em momento algum, a autoridade que tem para presidir esta Casa […]. Eu, mais uma vez, enalteço a postura de vossa excelência – e sou, aqui, muitas vezes visto como um inquisidor muito firme. Tenho procurado ser justo em todas as minhas ponderações.”

Sibá Machado (PT-AC) – “Ouvi atentamente o presidente Eduardo Cunha, confio nas suas palavras. Traz aqui alguns dados já complementares para o que foi publicado. E dentro do que foi publicado, eu também concordo que não há consistência para se tratar dessa maneira. Então, que o Supremo apresente razões. Se não há razão, vamos encerrar essa novela e vamos para o passo seguinte.”

Mendonça Filho (DEM-PE) – “A atitude de vossa excelência de vir à presença da CPI fazer a leitura do pedido de abertura de inquérito, contestar ponto a ponto, com coragem, com determinação, com vigor é algo que merece o respeito da Casa […]. Aqui expresso, em nome do meu partido, esse respaldo no sentido de que continue conduzindo a Presidência da Câmara com independência e com autonomia diante do próprio Poder Executivo.”

Paulo Pereira da Silva (SD-SP) ­– “Presidente Eduardo, o senhor sai não só muito maior do que entrou aqui – e constato aqui que 16 líderes, ou seja, quase a unanimidade desta Casa, declararam apoio ao senhor pela irresponsabilidade do que foi feito –, como põe esta Casa de pé, porque a tentativa era de nos igualar com o lado de lá. E, pra mim, está claro: o que o governo quer, como sempre acontece, é dividir a sua responsabilidade.”

Júnior Marreca (PEN-MA) – “Eu gostaria que isso realmente não estivesse acontecendo, porque vossa excelência não merece de forma nenhuma estar com esse tipo de exposição. Mas vossa excelência é um homem de Deus, um homem que tem a sua fé e sabe, de cabeça erguida, enfrentar este momento por que está passando. […] Conte com a gente!”

João Carlos Bacellar (PR-BA) – “Acredito que vossa excelência, hoje, deu um show aqui, por ter vindo a esta Comissão e colocar-se à disposição, em primeira mão, para explicar aqui tudo o que explicou […] se mantenha de cabeça erguida; mantenha-se com a mesma firmeza, na mesma posição. Vossa excelência tem feito o Brasil ver que o Legislativo brasileiro está se transformando, com um presidente que trouxe o respeito e a credibilidade para o deputado federal botar o broche e ter o orgulho de dizer que representa o Parlamento brasileiro.”

Celso Pansera (PMDB-RJ) – “Quando o deputado Ivan Valente pede para que o deputado Eduardo Cunha abra seu sigilo, ele já, na prática, está induzindo a uma condenação. Ele disse que quer permitir a ampla defesa, mas, quando propõe isso, está induzindo a uma condenação.”

Veja mais frases e a íntegra dos depoimentos na reportagem do Congresso em Foco.

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