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Diretor da Abin durante o 8 de janeiro assume chefia da agência no RS

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O Diário Oficial da União mostrou, na última quarta-feira (3), uma troca na chefia da superintendência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no Rio Grande do Sul. Segundo apuração da Agência Pública, quem assumiu o comando do órgão no estado foi o oficial Saulo Moura da Cunha, ex-diretor interino que atuava na Abin durante as invasões às sedes dos Três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro de 2023.

Desde o segundo semestre do ano passado, o oficial passou longe dos holofotes, após se ver enredado por críticas da oposição ao governo Lula nas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) sobre o 8 de janeiro tanto no Congresso Nacional quanto na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

A escolha de Cunha para a superintendência gaúcha da Abin mostra sua retomada de prestígio com o governo, quase dez meses após ele ter sido retirado de cargos de confiança no Executivo. O oficial deixou seu último posto comissionado no Planalto em 2 de junho de 2023, conforme o Diário Oficial da União.

Antes, Saulo da Cunha já havia deixado a diretoria-adjunta da Abin, o segundo cargo mais alto na hierarquia do órgão, em 2 de março de 2023 – mesma época em que a Abin saiu da tutela militar do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), integrando desde então o Ministério da Casa Civil. 

Em 12 de abril de 2023, o oficial de inteligência assumiu a chefia da Assessoria Especial de Planejamento e Assuntos Estratégicos da Secretaria-Executiva do GSI. Naquela mesma semana, a pasta se viu em uma crise política após o vazamento de imagens do sistema interno de segurança do Palácio do Planalto captadas no dia 8 de janeiro.

A divulgação do material pelo canal CNN Brasil gerou turbulências no órgão, com imagens de servidores da cúpula do GSI circulando entre os extremistas que invadiram o Palácio do Planalto. O caso resultou na renúncia do então ministro do GSI, o general da reserva do Exército Marco Edson Gonçalves Dias – um dos homens de confiança do presidente Lula (PT) no meio militar.

O trabalho de Saulo da Cunha na Abin no dia 8 de janeiro foi explorado pela oposição ao governo Lula graças à revelação, em depoimentos às CPIs do Congresso e do DF, que, à época da invasão, o oficial teria editado informações sensíveis a pedido do então ministro do GSI, o general Gonçalves Dias, quando a Abin ainda era subordinada ao órgão. Nos depoimentos, Cunha relatou também que a Abin alertou o governo federal e as forças de segurança e de inteligência do DF sobre riscos reais de atos violentos nas sedes dos Três Poderes.

Como revelado pela Pública, já no fim de 2022 a Abin produziu uma série de relatórios avisando os governos Bolsonaro e Ibaneis (MDB-DF) dos riscos de violência na capital graças à manutenção do acampamento golpista em frente ao Quartel-General do Exército.

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