Helder Barbalho diz que construiu o estádio municipal de Ananindeua, mas a obra nunca foi concluída

Em visita ao local em que teria sido construída a praça esportiva, na periferia de Ananindeua, o Truco nos Estados concluiu: o estádio citado por Helder nunca existiu.

Esporte

Moisés Sarraf, Guilherme Guerreiro Neto
4 minutos

“Também construímos o estádio municipal [de Ananindeua]”, Helder Barbalho (MDB), em matéria publicada no site do candidato, no dia 15 de setembro.

Entre 2006 e 2011, o Ministério do Esporte e a prefeitura de Ananindeua celebraram contratos de repasse para a construção do estádio municipal, que estariam orçados em R$ 5,8 milhões, segundo assessoria de imprensa do ministério. Em outubro de 2012, a prefeitura chegou a iniciar a obra, que teria previsão de conclusão para o início de 2013. Mas, em consulta à Federação Paraense de Futebol (FPF) e visitando o local, concluímos que o estádio nunca existiu. Por isso, o Truco nos Estados, projeto de checagem da agência Pública que, no Pará, é realizado em parceria com o portal Outros400, confere o selo ‘falso’ à declaração de Helder Barbalho.

Procurada, a assessoria do candidato Helder Barbalho informou que, “enquanto prefeito de Ananindeua, Helder Barbalho, construiu a primeira etapa do Estádio Municipal. A obra foi entregue no dia 31.12.2012, com uma partida de futebol”.

No local em que deveria estar o estádio, há apenas um trecho da arquibancada, lixo e mato. (Foto: Kleyton Silva/Outros400)

Em 2012, último ano do mandato de Helder Barbalho como prefeito de Ananindeua, as obras estavam em estado inicial, conforme reportagem da TV RBA. Na ocasião, Helder visitou o local onde seria construído o estádio, que estaria orçado em R$ 11,5 milhões, segundo informou na matéria, recursos do Ministério do Esporte, e com previsão de conclusão para o início de 2013. O projeto tinha como objetivo profissionalizar o futebol no município. “Quem sabe, futuros Gansos [jogador de futebol de Ananindeua] podem surgir aqui”, declarou, na ocasião, o secretário de esportes, Flávio Vasconcelos.

Entramos em contato com a prefeitura de Ananindeua para saber se a obra foi retomada pelo atual prefeito Manoel Pioneiro (PSDB), que exerceu mandato de 2013 a 2016 e se reelegeu para o atual período. Sobre o assunto, porém, não recebemos resposta até o fechamento do texto. Em matéria publicada no portal ORM em 2014, Pioneiro afirma que havia solicitado auditagem para “avaliar se temos condição de concluir essa obra”.

Ainda assim, reportagem da TV Liberal, veiculada em julho deste ano, aponta que as obras foram reiniciadas pelo prefeito tucano, mas novamente tiveram uma interrupção em 2017. Além disso, já na gestão de Pioneiro, a Caixa Econômica Federal fez repasses referentes a três contratos para a continuação da construção do estádio municipal.

No dia 27 de dezembro de 2011, foram firmados dois contratos entre o município de Ananindeua e a Caixa Econômica Federal. O primeiro previa investimento de R$ 1.043.197,23. O valor foi transferido à prefeitura em duas parcelas: R$ 349.537,50 e R$ 250.000, com ordens bancárias de junho de 2014 e janeiro de 2016, respectivamente, já na gestão de Manoel Pioneiro. O segundo contrato estava orçado em R$ 1.565.238,28. Deste total, foi transferida à prefeitura a soma de R$ 524.160 em ordem bancária de abril de 2014.

Nesta quarta-feira, 19, a equipe do Truco nos Estados visitou a área das obras do estádio, no bairro do Paar, periferia de Ananindeua. Moradores do entorno, que preferiram não se identificar, informaram que a construção foi iniciada, mas não concluída. No local, há apenas entulho e matagal, além de uma “banda” das arquibancadas, que deu origem ao apelido do estádio inacabado: “Bandão”. Atualmente, na área, a prefeitura de Ananindeua realiza a extração de argila para aterro em áreas de baixada do município.

Consultamos a Federação Paraense de Futebol (FPF), que mantém um cadastro de estádios no estado do Pará. Segundo diretor de competições da FPF, Paulo Romano, o “estádio não existe, nunca existiu”. Ainda segundo Romano, “esse estádio nunca esteve no cadastro da FPF”.

O projeto do estádio, de fato, tinha parceria com o Ministério do Esporte. Segundo a assessoria do órgão, os contratos firmados entre 2006 e 2012 totalizam R$ 5,8 milhões em investimentos. Nas medições do ministério, “a obra, de responsabilidade do município, apresenta 41% de execução”. Ainda segundo o Ministério do Esporte, o prazo para conclusão e informações sobre andamento do projeto “devem ser obtidas junto à prefeitura de Ananindeua, órgão responsável pela execução”.

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