O professor paulista Roberto Lourenço Cardoso tentou, durante dois meses, protocolar seu pedido de afastamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
O texto foi redigido em 11 de março de 2020, mas o documento só foi aceito na Câmara dos Deputados em 27 maio do mesmo ano.
A primeira tentativa foi feita por uma amiga advogada, seguidora seu canal no Youtube, que mora em Brasília. Ela teria sido informada por funcionários da Câmara que a atividade estava “suspensa por conta da pandemia do novo coronavírus”.
Depois, em 5 de maio, o pedido feito por Cardoso não foi aceito automaticamente porque “a certificação digital utilizada não era a do proponente”. Finalmente, no fim daquele mês, o pedido feito mediante a advogada foi aceito.
O documento apresenta, entre as denúncias, quebra decoro do cargo e ameaças à democracia, que são previstas na Lei de Impeachment como crimes de responsabilidade.
A argumentação começa com uma breve biografia do presidente Jair Bolsonaro, destaca atos e declarações ao longo da carreira política, “como quando disse que “se o filho começa a ficar assim, meio gayzinho, [ele] leva um couro e muda o comportamento dele”, em entrevista para a Folha de S. Paulo, em 2010.
Sobre a presidência, o documento afirma que “as grosserias são diárias”. No texto, o professor Cardoso diz que, sob o comando de Bolsonaro, políticas públicas como a ambiental teriam regredido, bem como processos de regularização de territórios indígenas e quilombolas. Também acusa o presidente de proferir ameaças à democracia, em falas autoritárias e ataques à imprensa. Ao adotar uma política radical de privatização de empresas nacionais, Bolsonaro também estaria colocando em risco a soberania nacional.
Em outro trecho, o professor Cardoso cita acusações contra a campanha presidencial de Bolsonaro, que “teria sido beneficiada pela proliferação de fake news nas redes sociais.”