O pedido de impeachment apresentado por Randolph Rodrigues (REDE/AP), Jean Paul Prates (PT/RN), Alessandro Molon (PSB/RJ), Marcelo Freixo (PSOL/RJ) e Arlindo Chinaglia (PT/SP) aborda “a investida do presidente Jair Bolsonaro com objetivo de usar as Forças Armadas politicamente e de atentar contra as instituições republicanas e democráticas”, o que teria levado à demissão do ministro da defesa, o general Fernando Azevedo e Silva.
O pedido explica que o ministro demitido teria se negado a atender a ordem de Bolsonaro de exonerar o comandante do Exército, Edson Pujol. Bolsonaro estaria pedindo que o comandante se posicionasse publicamente contra a decisão do Supremo Tribunal Federal que devolveu os direitos políticos ao ex-Presidente Lula. Pujol havia afirmado em novembro que os militares não querem se envolver com a política.
A situação teria levado à saída de Edson Pujol e outros dois comandantes das Forças Armadas, Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Bermudez (Aeronáutica). Para os proponentes, tal “fato inédito” marca “a maior crise” desde a redemocratização.
Os autores acrescentam que o presidente estaria excluindo da linha sucessória para os cargos, generais que “são a favor da ciência, do distanciamento social, do uso de máscaras e da ampliação da vacinação na guerra contra a covid-19”.
Dessa forma, consideram que o presidente Jair Bolsonaro tentou se utilizar das Forças Armadas para “promover seu projeto autoritário de poder, alheio a todos os mandamentos da nossa Constituição democrática e republicana”, o que implicaria na “transgressão ao livre exercício dos mais basilares direitos políticos, individuais e sociais de cada cidadão brasileiro”.
Para embasar o pedido, os autores citam os artigos 4º, 6º, 7º e 8º da Lei do Impeachment (Lei nº 1.079/50) e a Lei nº 13.979/20, criada para o enfrentamento da pandemia de Covid-19.
O artigo 7º da Lei de Impeachment estabelece ser crime de responsabilidade “incitar militares à desobediência à lei ou infração à disciplina” e “provocar animosidade entre as classes armadas ou contra elas, ou delas contra as instituições civis”.
Os autores apontam os ex-comandantes das Forças Armadas e antigos ministros da defesa como testemunhas.