O pedido de impeachment tem como tema central a atuação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na pandemia. A autoria do texto é do estudante de Direito Ledson César Borges, que é beneficiário do auxílio emergencial. Ele critica as regras criadas para restringir o acesso ao benefício, que foi instituído para atenuar a situação de vulnerabilidade de pessoas de baixa renda, considerando os impactos econômicos da crise de saúde.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país encerrou o mês de setembro de 2020 com 13,8 milhões de pessoas sem trabalho. Entre maio e setembro, o contingente de desempregados cresceu 33,1%. Por causa da gravidade da crise, em abril, o governo federal instituiu um auxílio emergencial de R$ 600 para trabalhadores informais, microempreendedores, autônomos e desempregados durante a pandemia do novo coronavírus.
O governo demorou a sancionar o projeto porque a equipe econômica queria que o valor concedido fosse de R$ 200. Por pressão do Legislativo, o pagamento do auxílio em três parcelas de R$ 600 terminou sendo sancionado. Esse valor terminou sendo estendido por mais dois meses em junho, por meio de um decreto.
Mas no começo de setembro, através da Medida Provisória (MP) n°1000/2020, o governo federal reduziu o pagamento para R$ 300 e prorrogou o pagamento até o fim do ano. A MP também estabelece algumas restrições para o acesso. O texto do pedido de impeachment classifica a MP como um “malabarismo antidemocrático instituído pelo Executivo, como forma de não prestar o auxílio a todos os que deveriam ter recebido.”
A peça também destaca os desentendimentos entre Bolsonaro e governadores que implementaram regras rígidas de distanciamento social para conter o avanço do vírus, a defesa do presidente da hidroxicloroquina como sendo a cura para a covid-19, embora a eficácia do tratamento não tenha sido comprovada e a participação do presidente Bolsonaro em atos antidemocráticos em Brasília que pediam o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional.