O seu primeiro pedido, protocolado em abril de 2020, elenca do dia 26 de fevereiro de 2019 até o dia 24 de março de 2020, 24 momentos em que o Presidente Jair Bolsonaro teria cometido quebra de decoro, crime previsto pela Lei do Impeachment. O que este novo pedido apresenta?
Esse novo pedido vai robustecendo, clarificando, trazendo mais detalhes e alguns passos do Bolsonaro nos últimos meses. Em resumo, as ameaças à vida e o desrespeito à imprensa foram piorando, estão muito piores.
A ficha de crimes de responsabilidade de Bolsonaro já é quilométrica, tem pelo menos uma conduta criminosa por dia. Mas, há dias em que o Presidente se superou em sua média. Desde a conduta indecorosa, a profusão de palavrões no dia a dia, até a conduta de ameaça à vida dos brasileiros, o genocídio e o desrespeito deliberado contra a imprensa. Bolsonaro é o Presidente que mais ameaça as instituições democráticas e civis e é urgente conter essa ameaça tirânica.
Qual o pior crime de responsabilidade, na sua opinião, que o presidente teria cometido?
Foram vários crimes, mas, entre eles, foi colocar o país sem nenhuma capacidade de organização para enfrentar o vírus. Ele não fez uma campanha nacional. A imprensa fez nos últimos dias, o Consórcio de Veículos de Imprensa está soltando uma campanha a favor da vacina. O governo federal não fez uma campanha. Isso é um crime.
O que aconteceu em Manaus com a ausência de oxigênio hospitalar também. Tem outros estados do Brasil com problemas também, há falta de conexão entre as autoridades e o Ministério da Saúde e os diversos estados. Ele não articulou com os estados e os municípios nenhuma ação conjunta, isso é uma loucura, um crime cometido e continuado.
E a pandemia piorou, o Brasil já está com mais de 225 mil mortos. Agora temos a ameaça de uma nova cepa e estamos sujeitos ao heroísmo das classes médicas e, em especial, do SUS. Mas, o governo se mantém à parte, como se nada disso fosse parte da realidade que estamos vivendo no momento presente. São ameaças diárias, praticamente.
O negacionismo, por exemplo, negar que o vírus existe, negar que é preciso seguir as orientações da OMS, da ciência, é colocar a vida das pessoas em risco. 225 mil brasileiros já morreram e a coisa está piorando e ele não tem o menor cuidado e não vai mudar. Por isso, precisamos conter essa ameaça.
Há mais de 60 pedidos protocolados contra o presidente na Câmara dos Deputados. No entanto, Rodrigo Maia não deu andamento a nenhum dos pedidos. Então, o que te motivou a protocolar esse novo pedido?
De lá pra cá [primeiro pedido em 2020] a coisa piorou, porque ele vai se superando. Ele ameaça as instituições democráticas e civis do país, ele ameaça a imprensa, ele debocha da ciência e das medidas de proteção necessárias contra a Covid-19, diz que é um "gripezinha", que não tem importância.
O que me motivou foi acreditar na capacidade de reação da sociedade civil. A classe política fica esperando que as ruas se manifestem, fica esperando que haja manifestações e o agravamento dos crimes cometidos. O agravamento é diário.
A minha manifestação, mesmo sabendo da probabilidade grande deles arquivarem, é dar uma demonstração de gesto para as pessoas da sociedade que estão indignadas com tudo isso.