Protocolado por uma ex-judoca e advogada, junto com outro advogado e uma fisioterapeuta, este pedido de impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido) se baseia em condutas e declarações do presidente, que teria cometido crime de responsabilidade por “proceder de modo incompatível com o decoro do cargo”.
“Jair Bolsonaro parece não ter compreendido a natureza e estatura do cargo que ocupa”, dizem os advogados, que descrevem atos como declarações preconceituosas, ataques à imprensa e a figuras públicas, apologia à medicamentos sem comprovação científica durante a pandemia, resistência ao uso da vacina contra o novo coronavírus, entre outros.
Esses atos praticados pelo presidente seriam enquadrados como crime de responsabilidade. O pedido lista a publicação de um vídeo mostrando a prática de “golden shower”, um termo que significa relações sexuais que envolvem a prática de urinar na outra pessoa, na conta oficial dele no Twitter, em 5 de março de 2019.
O documento também cita comentários racistas, homofóbicos, gordofóbicos e misóginos em lives. Diz que Bolsonaro fez apologia ao trabalho infantil em uma live no dia 10 de setembro de 2020, onde o presidente mencionou a história de uma criança que trabalhava como engraxate em Goiás. “Deixa o moleque trabalhar. Eu trabalhei, aprendi a dirigir com 12 anos”, disse. Os autores do pedido avaliam que a declaração ignorou o compromisso assumido pelo chefe do Executivo Federal de combater o trabalho infantil e a exploraçao de crianças.
Além disso, a tentativa de interferência na Polícia Federal para favorecer um dos seus filhos, no caso denunciado pelo ex-ministro da Justiça Sérgio Moro; agressões à imprensa e a jornalistas, e apologia à Ditadura Militar são outros atos praticados pelo presidente que fundamentam o pedido de impeachment. O texto cita os ataques à jornalista Miriam Leitão, da Globo, que foi presa pelo regime autoritário na década de 70. O presidente disse que Miriam mentiu ao dizer que foi torturada. Em dezembro do ano passado, diz o documento, Bolsonaro também ironizou a tortura sofrida pela ex-presidentente Dilma Rousseff (PT), durante sua prisão na ditadura militar, colocando em dúvida as agressões sofridas.
Negacionismo e pandemia estão entre os temas abordados pelo pedido de impeachment. O documento reproduz falas do presidente, que chegou a chamar a covid-19 de “gripezinha”. Cita ainda o incentivo ao uso de medicamentos não comprovados cientificamente para combater a doença, e acusa o chefe do Executivo de “negligência de seu dever de zelar pela população e pela saúde pública”.
Além da propaganda de medicamentos ineficazes, o texto diz que Jair Bolsonaro teria cometido crime de responsabilidade por atos contra a vacinação no Brasil, ao questionar a eficiência dos imunizantes e atrapalhar a compra das doses da CoronaVac, desenvolvida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.