O engenheiro José Manoel Ferreira Gonçalves é autor de três pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. O primeiro foi protocolado em abril de 2020 e elenca 24 momentos em que o presidente teria cometido crime de responsabilidade “ao agir de forma indecorosa” desde o início de seu mandato em 2019. Já o segundo pedido, de janeiro de 2021, ressalta a atuação “irresponsável e criminosa na condução política, administrativa e social da crise sanitária causada pela pandemia de Covid-19”.
O terceiro pedido, protocolado em maio, analisa a gestão da pandemia e a compara a atuação do presidente com “os mais sangrentos e atrozes genocídios da história mundial”. O documento destaca contradições do governo expostas durante a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19 que está em curso no Senado Federal.
Na peça, o autor cita a incongruência do depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello que, sob comando do presidente, teria implantado um “sistema informático com acesso público pela internet que permitia a automedicação de pessoas com base em sintomas banais”. Gonçalves ainda cita documentos oficiais obtidos pela CPI que provam as inúmeras tentativas de comunicação da farmacêutica Pfizer, que durante meses tentou negociar a compra de vacinas com o governo federal. As tentativas de comunicação “foram ignoradas sem qualquer motivação”, diz o texto.
O autor afirma que “o presidente da República atrasou deliberadamente o processo de imunização da sociedade brasileira, contribuindo para o aumento exponencial de vítimas, além das repercussões econômicas e sociais daí decorrente, resultando assim na morte de mais de 460 mil brasileiros.” Para o autor, tais mortes poderiam ter sido reduzidas se o governo brasileiro tivesse “investido antecipadamente e massivamente em vacinas”.
A peça acusa Bolsonaro de cometer crimes de responsabilidade previstos nos artigos 7º, 8º e 9º da Lei do Impeachment – que referem-se a crimes contra o livre exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; crimes contra a segurança interna do país; improbidade administrativa e quebra de decoro.