Ao falar da agricultura, Ratinho Júnior exagera dados sobre a fome no mundo

Segundo a FAO, os números da fome globais pioraram ano passado; mesmo assim, subnutrição atinge menos de 1 bilhão de pessoas no mundo

2º Fórum de Gestão Pública da Faciap Agricultura Desnutrição fome Segurança Alimentar

José Lázaro Jr.
3 minutos

“Temos 7 bilhões de pessoas na humanidade, só 5,5 bilhões se alimentam todos os dias”, disse Ratinho Júnior, do PSD, durante o 2º Fórum de Gestão Pública da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap).

Ainda que diga ter se baseado em relatórios da Organização das Nações Unidas para Agricultura e a Alimentação (FAO) ao fazer essa afirmação, os dados utilizados por Ratinho Júnior são diferentes dos divulgados em 2017 pela instituição.

A FAO estima que 815 milhões de pessoas ainda passam fome no planeta – ou 11% da população mundial, que chegou a 7,6 bilhões em 2017, diferente do que afirma o candidato. O candidato usou um número que é quase o dobro, 1,5 bilhão de pessoas. Logo, a afirmação foi considerada exagerada.

O Truco nos Estados – projeto de fact-checking da Agência Pública, feito no Paraná em parceria com o Livre.jor – analisou o relatório “The state of food security and nutrition in the world 2017” (“A situação da segurança alimentar e da nutrição no mundo em 2017”).

Nele, a FAO alerta para que, após uma década de redução nos números da fome, o aumento dos países em situação de conflito alavancou a piora desse indicador social. Fomos de 777 milhões de pessoas famintas em 2015 para 815 milhões em 2016. O relatório foi divulgado em setembro de 2017 e repercutiu na imprensa brasileira.

Ratinho Júnior exagerou os números da fome no mundo no dia 27 de julho, durante o Fórum de Gestão Pública organizado pela Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap).

O raciocínio dele era que, no futuro, o alimento será o novo petróleo, com as nações brigando para garantir a comida dos seus cidadãos. “Temos que fazer disso [a produção de alimentos] a nossa matriz econômica”, propôs o candidato.

Mas há um problema mais grave relacionado ao debate da fome. Ainda se morre de desnutrição por aqui: de 2001 a 2016, conforme os dados do Ministério da Saúde analisados pelo Intercept Brasil, foram 4.148 óbitos por fome no Paraná. No Brasil, 106.217.

A frase foi classificada como “Exagerada”.

Ratinho Júnior discorda

O candidato Ratinho Júnior discorda que tenha havido exagero na declaração. Diz que se referia às pessoas que se encontram em condição de insegurança alimentar. Ou seja, que não tem garantia de acesso à quantidade de comida saudável e nutritiva para o seu desenvolvimento normal. Para ele, 1,5 bilhão de pessoas vivem nessa condição. Contudo, não citou qual fonte embasou diretamente a afirmação.

Rebateu que a FAO, para chegar ao número de 815 milhões de pessoas, só considera a situação de subnutrição, o estado de incapacidade para obter comida suficiente para obter os níveis mínimos de energia para uma vida saudável e ativa.  Manteve-se, portanto, a classificação – decorrente do relatório mais recente da FAO, principal entidade internacional para mensuração de estatísticas relacionadas à nutrição.

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