Paraná gastou R$ 95 milhões em vacina da dengue vista com ressalvas por Anvisa e OMS
Apesar das restrições da OMS e da Anvisa à vacina, o Ministério Público do Paraná arquivou investigação sobre a compra. Disseram que não houve prejuízo visível à população
“O Paraná gastou R$90 milhões em uma vacina contra a dengue que foi condenada pela Organização Mundial da Saúde e pela Anvisa”, afirmou Jorge Bernardi, candidato a governador da Rede Sustentabilidade, em debate realizado pela TV Transamérica em 27 de agosto.
Informações obtidas via Lei de acesso à Informação (LAI) confirmam que o governo do Paraná comprou 750 mil doses da vacina Dengvaxia, produzida pelo laboratório Sanofi. Foram gastos cerca de R$ 95 milhões, segundo a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa), o que significa 2,8% do orçamento anual da pasta.
A Organização Mundial da Saúde e a Anvisa alertaram, após o estado começar a aplicar a vacina, para o risco de pessoas que nunca tiveram a doença mas foram imunizadas desenvolverem uma variação mais agressiva da dengue, caso sejam contaminadas posteriormente pelo vírus.
Para a Anvisa, quem nunca teve contato com o vírus da dengue não deve tomar a vacina, uma vez que os estudos preliminares não foram conclusivos.
Por isso o Truco nos Estados, projeto de fact-checking da Agência Pública feito no Paraná em parceria com o Livre.jor, considera que o candidato acertou.
Campanha de vacinação – Mesmo com as ressalvas da OMS e da Anvisa, o governo paranaense decidiu seguir com campanha de imunização, iniciada em 2016. Até a quarta etapa realizada em junho de 2018, segundo a Sesa, foram aplicadas 679.968 doses da vacina. Um total de 308.918 pessoas foram vacinadas contra a dengue, das quais 144.545 receberam as três doses recomendadas.
A campanha foi direcionada aos 30 municípios endêmicos e epidêmicos. “São cidades que concentram 83% dos casos confirmados, 91% dos casos graves e 87% das mortes por dengue do Estado. Que enfrentaram epidemias consecutivas, registraram alta circulação viral e grande magnitude de casos”, afirmou João Luis Gallego Crivellaro, diretor do Centro de Epidemiologia, via LAI.
A fabricante Sanofi, de acordo com Crivellaro, apresentou estudos que demonstram que a vacina não causa dengue, e que existe a possibilidade de 0,5% de uma pessoa que nunca teve a doença antes desenvolver formas mais graves após tomar a vacina.
Por isso, ele justificou, a campanha foi mantida mesmo após os alertas de Anvisa e OMS. A implementação da campanha custou R$ 1,4 milhão adicionais ao custo das vacinas. A soma foi gasta em divulgação.
O que dizem Anvisa e OMS – Quem vive em regiões em que a dengue é endêmica deve procurar um médico para avaliar os riscos e benefícios da imunização, recomenda a Anvisa.
A OMS, por sua vez, afirma que países que optarem por aplicar a vacina deveriam criar estratégias para imunizar apenas quem já foi infectado pelo vírus da dengue.
Para isso, a organização recomenda que sejam feitos testes para detectar anticorpos ou se consultem exames laboratoriais que tenham confirmado a doença.
Inquérito arquivado – De acordo com a assessoria de Jorge Bernardi, o candidato se baseou em investigação aberta no início de 2018 pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) sobre a campanha de vacinação.
Foi o promotor Marcello Paulo Maggio, da Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública, que conduziu o caso – e optou pelo arquivamento do inquérito.
Procurado pelo Truco nos Estados, o MP-PR disse que “o procedimento administrativo instaurado pela Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública de Curitiba foi arquivado após não ter sido constatado qualquer indício de irregularidade ou de impropriedade em seu uso [das vacinas]”.
O MP-PR considerou que a campanha teve o apoio do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, que houve monitoramento da Sesa junto às pessoas que já tomaram a vacina e que nenhuma reação grave foi detectada.
Para o MP houve “houve sensível e positiva redução do número de casos de morte pela doença posteriormente à campanha”.
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