Doria usa dado falso sobre demora em exames na gestão Haddad
Edson Hatakeyama/ASCOM-SMS-SP
PSDB - João Doria

Doria usa dado falso sobre demora em exames na gestão Haddad

Candidato do PSDB afirmou que, ao assumir, espera chegava a dois anos e meio, mas auditoria do Tribunal de Contas do Município diz que demora era de 111,3 dias

Saúde

Anna Beatriz Anjos
3 minutos

“Sabe quanto era [o tempo para a realização de exames na prefeitura de São Paulo] antes? Dois anos e meio quando nós assumimos, em janeiro de 2017” – João Doria (PSDB), em entrevista no SP1, da Rede Globo.

Em entrevista ao telejornal SP1, da Rede Globo, o candidato do PSDB ao governo paulista, João Doria, foi questionado sobre o desempenho de sua gestão como prefeito de São Paulo na área da saúde. Ao comparar indicadores de sua administração aos de seu antecessor, Fernando Haddad (PT), disse que, em janeiro de 2017, quando assumiu o cargo, o tempo médio para realização de exames na capital era de dois anos e meio. O Truco nos Estados – projeto de fact-checking da Agência Pública – verificou o dado e concluiu que é falso.

A assessoria de imprensa do tucano respondeu que a informação citada pelo candidato consta em uma auditoria do Tribunal de Contas do Município (TCM) publicada em julho de 2011 – ou seja, antes de Haddad se eleger prefeito, o que aconteceria apenas em outubro de 2012 –, segundo a qual alguns pacientes chegavam a esperar dois anos e quatro meses por uma ultrassonografia. Na época, o prefeito era Gilberto Kassab. Quando foi eleito, em 2008, Kassab estava no DEM e sua vice, Alda Marco Antônio, era do PSDB.

Mas auditoria mais recente do TCM, concluída em junho deste ano, baseada em dados do Siga-Saúde, sistema da Secretaria Municipal de Saúde, traz número distinto: em janeiro de 2017, o tempo médio para realização de procedimentos era de 111,3 dias.

Zerar a fila de exames deixada por Haddad era um dos carros-chefes da campanha de Doria à prefeitura em 2016. O Corujão da Saúde foi apresentado como alternativa para viabilizar essa promessa: em 2017, o programa utilizou a estrutura de hospitais privados conveniados com o município para atender a população no horário noturno (das 22h às 8h), considerado ocioso. A ideia de Doria era que, ao fim do projeto (ou seja, em 90 dias), a espera para a realização de exames não ultrapassasse 30 dias. O Corujão, no entanto, abrangeu apenas seis tipos de procedimentos de imagem: tomografia, ultrassonografia, mamografia, ecocardiografia, densitometria e ressonância.

A fila não foi zerada

Pouco mais de três meses após se tornar prefeito, em abril, o tucano anunciou que havia liquidado a fila de 485 mil solicitações de exames de imagem deixada pela gestão petista. No entanto, uma nova fila foi criada: reportagem da Folha de S.Paulo publicada em outubro de 2017 com números obtidos via Lei de Acesso à Informação revelou que, em julho daquele ano, já existiam quase 215 mil novas solicitações de procedimentos.

De acordo com a última auditoria do TCM, havia ainda outro motivo para a diminuição da relação de pessoas que aguardavam exames durante o Corujão: o encaminhamento de pacientes para consultas de reavaliação. Em janeiro de 2017, 112.260 indivíduos saíram da fila por essa razão, quantidade 96 vezes superior à de dezembro de 2016, quando a mesma situação se aplicou a 1.166 pessoas. Nos meses seguintes, o número voltou a cair: em fevereiro foi de 2.370; em março, de 1.976; e em abril, de 1.945.

O candidato contesta

A assessoria de Doria questionou a conclusão de checagem e manteve seu posicionamento inicial por meio de nota: “O candidato João Doria afirmou em entrevista ao SPTV que o tempo médio de espera hoje é de ’42 dias. Sabe quanto era antes? Dois anos e meio’. A informação é verdadeira e está sustentada a partir de dados do próprio Tribunal de Contas do Município. No primeiro levantamento feito desse tipo o TCM constatou que um exame de ultrassonografia demorara até 889 dias para ser realizado na cidade”. A equipe do tucano anexou um parecer para a área da Saúde complementar ao Balanço Geral do exercício de 2011 produzido pelo TCM, mas no relatório não constam informações sobre tempo de realização de consultas naquele ano.

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