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Do cercadinho de Bolsonaro ao X de Trump: como se informar sem afundar nas notícias

Excesso de declarações, ameaças e ações sem consequência de líderes populistas afastam leitores e desafiam o jornalismo

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1 de fevereiro de 2025
06:00

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Tirando os eleitores mais fanáticos de Donald Trump, ninguém aguenta mais tanta notícia – com frequência inútil – sobre o que diz, pensa, promete e ameaça o presidente dos Estados Unidos. Claro, é importante se informar sobre o que o governo americano está fazendo, com impacto para cidadãos e países do mundo todo, mas a questão é: “Quanto do seu cérebro você quer que Trump ocupe?”.

Com essa provocação a newsletter do Nieman Lab trouxe um debate que está mobilizando os jornalistas por lá de uma maneira que faz lembrar o que aconteceu por aqui durante o governo Bolsonaro, quando lives e as famigeradas “coletivas” no cercadinho do Palácio do Planalto enchiam o noticiário e as redes sociais de declarações que só não eram totalmente irrelevantes por dar a medida da truculência do ex-presidente. 

Mas a gente agora já conhece Jair Bolsonaro, assim como os cidadãos dos Estados Unidos já conhecem Donald Trump.

O vaivém, a superficialidade e multiplicidade das notícias podem irritar e confundir quem quer simplesmente saber o que está acontecendo de significativo. Afinal, cada vez mais gente foge da cobertura jornalística, em especial da política, por considerá-la repetitiva, pouco confiável, negativa demais e resultar em sentimentos de impotência. 

Às vezes até por cansaço. De acordo com a Digital News Report 2024, do Instituto Reuters, 39% das pessoas ao redor do mundo evitam as notícias. Uma parte crescente da audiência também se declara sobrecarregada pelo excesso de notícias. O número dos que se afastaram do cotidiano do jornalismo duplicou em alguns países entre 2017 e 2022.

Por outro lado, em sociedades que vão se tornando oligopólios das big techs, com a maior parte de nossas relações e crenças mediada e manipulada pelas redes, não há realidade em comum que resista, que dirá a democracia. Sabemos quem elas apoiam: a extrema direita.

Como enfrentar empresas e governos autoritários, saber o que fazem, denunciar injustiças e criar alternativas de poder, sem conhecer e analisar os fatos, a matéria-prima do jornalismo?

Superar esse dilema passa por uma aliança entre leitores e jornalistas, com liberdade para investigar o que é de interesse dos cidadãos sem se dobrar às pressões de mercado e governo. Mas cabe, primordialmente, aos jornalistas aprender com a insatisfação da audiência e tomar a dianteira, inovando na forma de comunicar. 

Uma iniciativa do veículo jornalístico gringo Vox, conhecido por sua expertise em jornalismo explicativo, oferece uma resposta ao público que quer se manter “informado sobre a administração Trump sem permitir que a política tome conta de sua vida”, como anunciam no site. É uma newsletter diária, a Logoff, que chega ao final da tarde com um resumo elucidativo dos fatos mais relevantes do dia sobre a Casa Branca de Trump. “O objetivo é explicar da maneira mais simples e eficiente o que está acontecendo e por que isso importa”, anuncia o site. 

“A ideia é apresentar o noticiário político com profundidade de uma maneira acessível”, explicou Patrick Reis, editor de política e ideias da Vox, a Joshua Benton, do Nieman Lab. “Claro que não é uma receita para tráfego máximo. Mas nossa aposta aqui é uma receita para entendimento máximo e, com isso, obter a fidelidade do leitor. É isso o que queremos.”

Também não é a única receita, nem necessariamente a melhor, em um ecossistema tão diverso. Mas uma demonstração prática de que os veículos de comunicação têm capacidade para imaginar caminhos mais eficientes e cativantes para os leitores e engajá-los nesse processo de revalorização do jornalismo como pilar da sociedade democrática.

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