Buscar

Após publicação, assessoria de imprensa respondeu à matéria da Pública por email

Da Redação
7 de agosto de 2014
17:11
Este artigo tem mais de 10 ano

Bom dia,

Com relação à matéria “Sem chão” publicada nesta quarta-feira, é extremamente importante o esclarecimento, já que não fomos questionados sobre a situação das famílias que citou na matéria. O texto apresenta personagens que sequer sabemos se realmente estão cadastrados nos programas de atendimento provisório. Além disso, expõe os pagamentos de auxilio como se a secretaria tivesse atrasado todos, o que de forma alguma acontece.

1. Durante todo o contato com a secretaria não foi questionado o porquê das famílias citadas no texto não receberem mais o atendimento habitacional.  Além disso a matéria apresenta diversos personagens onde não é possível identificar se foram realmente cadastrados pela secretaria. Conforme histórico de e-mail, não seria citado caso especifico de morador.

2. Sobre as políticas habitacionais de atendimento provisório, hoje existem dois tipo: parceria social – auxilio de 300 reais pago por 30 meses, renovável uma única vez pelo mesmo período, e o auxilio moradia, neste caso,  pago até a entrega da unidade habitacional definitiva. As famílias incluídas no Parceria Social sabem que receberão o pagamento por um prazo determinado.

3. Todas as famílias em atendimento provisório recebem o auxilio da secretaria pago rigorosamente. Para o caso das famílias que não recebem mais, é necessário fazer um levantamento para identificar o que desencadeou o cancelamento do pagamento.

4. Reiteramos que todas as famílias incluídas no auxílio aluguel terão prioridade no atendimento conforme a entrega das unidades definitivas.

5. A secretaria trabalha laboriosamente a fim de cumprir o programa de metas que prevê a entrega de 55 mil unidades até 2016. Nos últimos dez anos 30 mil moradias foram entregues. Em 1 ano e 7 meses de gestão já foram viabilizadas 89 mil moradias, em suas diversas etapas para construção.

Resposta da repórter

 

A reportagem “Sem chão” é o resultado de uma apuração criteriosa que envolveu entrevistas com moradores, lideranças comunitárias e integrantes de instituições que trabalham com o tema – como a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, o Escritório Modelo da PUC-SP e o Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos – além de visitas a favelas, análise de documentos e da legislação.

 

Encontramos famílias em três locais diferentes que relatam a ausência de pagamentos, bem como a insegurança e outros problemas decorrentes disso.

 

Durante dez dias a Pública esteve em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab). Seis e-mails foram trocados e inúmeras ligações feitas. A Pública mandou duas séries de perguntas que foram respondidas apenas parcialmente. Nosso pedido de entrevista com o Secretário da Habitação ou com um porta-voz da Secretaria não foi atendido.

 

Os entrevistados mostraram documentos que comprovam que suas famílias estão sendo atendidas pela prefeitura, como o “compromisso de atendimento habitacional” e a “autorização para adesão” ao programa parceria social, todos assinados por funcionários da Sehab.

 

No dia 30 de julho enviei um e-mail com as perguntas que faria na entrevista com o Secretário, sobre diretrizes da política habitacional, detalhes sobre o atendimento dos moradores e casos específicos. Entre eles, perguntei por que as pessoas não estavam recebendo o auxílio: “Muitos moradores do Núcleo Diogo Pires, da Favela do Boqueirão e da Vila Cristina relatam que na transição entre o Programa Parceria Social e o Auxílio Aluguel, eles ficaram sem receber o benefício. Por que eles ficam sem receber? Por que demora tanto tempo para migrar de um programa para o outro?”

 

Sobre a Favela do Boqueirão e sobre a Vila Cristina, a assessoria respondeu: “Todas as famílias estão cadastradas e recebem auxilio aluguel até serem contempladas por uma unidade habitacional definitiva”, informação que consta na reportagem. Já sobre o Núcleo Diogo Pires, a Sehab informou apenas que as 240 famílias estão em auxílio aluguel.

 

Quanto às formas como a prefeitura oferece atendimento habitacional provisório, nos baseamos na legislação para identificar os programas criados para isso: Bolsa AluguelParceria Social e Auxílio Aluguel.  Além disso, coletamos informações no site Habisp, indicado como referência pela assessoria de imprensa.

 

Em 23 de julho outro e-mail para a assessoria perguntava: Quantas pessoas recebem cada um dos seguintes benefícios hoje em São Paulo: bolsa aluguel, parceria social e auxílio-aluguel? Há algum outro benefício de atendimento habitacional provisório hoje em vigência? A resposta – cerca de 30 mil famílias – foi questionada pela reportagem porque no Habisp a soma resultava 27,7 mil famílias, informação utilizada no texto.

 

Caso haja outro tipo de atendimento provisório utilizado pela prefeitura, convidamos a Sehab a esclarecer como funciona e em que lei, resolução ou portaria está baseado.

 

Atenciosamente,

 

Giulia Afiune

Não é todo mundo que chega até aqui não! Você faz parte do grupo mais fiel da Pública, que costuma vir com a gente até a última palavra do texto. Mas sabia que menos de 1% de nossos leitores apoiam nosso trabalho financeiramente? Estes são Aliados da Pública, que são muito bem recompensados pela ajuda que eles dão. São descontos em livros, streaming de graça, participação nas nossas newsletters e contato direto com a redação em troca de um apoio que custa menos de R$ 1 por dia.

Clica aqui pra saber mais!

Se você chegou até aqui é porque realmente valoriza nosso jornalismo. Conheça e apoie o Programa dos Aliados, onde se reúnem os leitores mais fiéis da Pública, fundamentais para a gente continuar existindo e fazendo o jornalismo valente que você conhece. Se preferir, envie um pix de qualquer valor para contato@apublica.org.

Leia também

Sem chão

Por

Após remoção, 27,7 mil famílias paulistanas que recebem subsídio da prefeitura para o aluguel acumulam atrasos no pagamento, dívidas e esperanças perdidas

Depois que o trator passou

Por ,

Obra do monotrilho destruiu comunidades do Comando e do Buraco Quente, na zona Sul de São Paulo, separando famílias e deixando moradores em situação precária

Notas mais recentes

Brasil Paralelo gastou R$ 300 mil em anúncios contra Maria da Penha


Kids pretos, 8/1 e mais: MPM não está investigando crimes militares em tentativas de golpe


Investigação interna da PM do Maranhão sobre falsos taxistas estaria parada desde julho


Semana tem reta final do ano no Congresso, Lula de volta a Brasília e orçamento 2025


Ministra defende regulação das redes após aumento de vídeos na “machosfera” do YouTube


Leia também

Sem chão


Depois que o trator passou


Faça parte

Saiba de tudo que investigamos

Fique por dentro

Receba conteúdos exclusivos da Pública de graça no seu email.

Artigos mais recentes