“Corrupção existe no mundo inteiro, em maior ou menor nível, e existem países com níveis de corrupção piores do que os nossos.” – juiz Sérgio Moro, em audiência pública na comissão especial do PL 4850/16, que estabelece 10 medidas de combate à corrupção.
O Brasil está, de fato, longe de ser o país mais corrupto do mundo. Em 2015, atingiu a 76ª menor pontuação em um ranking de corrupção que avaliou 168 países. Elaborado pela Transparência Internacional, o Índice de Percepção da Corrupção (IPC) do Brasil foi de 38 pontos, em uma escala de 0 a 100, longe do topo da lista – Dinamarca (91), Finlândia (90) e Suécia (89) – mas também distante dos mais corruptos – Afeganistão (11), Coreia do Norte (8) e Somália (8).
Apesar de estar no meio da tabela, o índice caiu em relação a 2014 – quando o Brasil alcançou 43 pontos e ficou em 69º menos corrupto do mundo. Os 38 pontos de 2015 não só foram a pior pontuação do país no ranking, como a queda de cinco pontos em comparação ao ano anterior foi a maior registrada entre todos os países. O índice, cabe destacar, avalia somente o setor público.
O outro ponto citado pelo juiz Sérgio Moro na Câmara dos Deputados também se revela verdadeiro. Embora tenham índices bem mais elevados que o do Brasil, somente 12 países tiveram pontuação superior a 80 em 2015. Nove pontos separam a Dinamarca (91), primeira colocada, da “perfeição”.
Além disso, como explica a própria Transparência Internacional, responsável pela elaboração do IPC, “só porque um país tem um setor público limpo em casa, não significa que ele não esteja ligado à corrupção em outros lugares”. A ONG cita o caso do Estado sueco, que possui 37% de uma empresa acusada de pagar milhões de dólares em propina no Uzbequistão.
Assim, mesmo os países mais bem colocados no ranking do IPC têm espaço para evoluir no combate à corrupção. Isso, somado ao fato de que apesar da queda no ranking global do IPC, o Brasil ainda está à frente de muitos países, revela como correta a fala do juiz Sérgio Moro aos deputados. Desta forma, a afirmação de Moro está correta e recebe a carta Zap! do Truco no Congresso – projeto de fact-checking da Agência Pública, feito em parceria com o Congresso em Foco. Procurada, a assessoria da Justiça Federal no Paraná não se manifestou.