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Como grupos no Zap e Telegram reagiram à prisão de Bolsonaro

Mensagens em grupos públicos atingiram cerca de 13 milhões de usuários nas primeiras horas de sábado

Reportagem
23 de novembro de 2025
17:25
Agência Lupa/Reprodução

A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na manhã deste sábado (22), provocou uma reação imediata de seus apoiadores em grupos públicos de WhatsApp e Telegram. Pelo menos três linhas de discurso ganharam força:

  • uma comoção de tom fúnebre, centrada em especulações sobre o estado de saúde de Bolsonaro;
  • uma caça às bruxas interna, marcada por ataques a aliados apontados como “traidores”;
  • e uma onda conspiratória, que alimenta a hipótese de um possível assassinato na prisão.

O alcance estimado foi de 13 milhões de perfis apenas nas primeiras horas da manhã deste sábado, segundo dados coletadas na Palver, empresa parceira da Lupa no monitoramento de mais de 100 mil grupos públicos de mensageria.

Grupos da esquerda, em geral, mostram entusiasmo com a prisão preventiva, citando mensagens como “Grande Dia” e “Justiça Tarda, mas Falha Não”.

Em geral, as mensagens contestam a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reforçando a narrativa de que se trata de uma “perseguição” contra Bolsonaro. Em alguns grupos, surgem ainda teorias segundo as quais a prisão preventiva serviria como uma cortina de fumaça para encobrir a prisão do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, ocorrida na última terça-feira (18). Essas mensagens citam supostas ligações políticas do empresário, que incluiriam ex-ministros de Bolsonaro e atuais ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ainda não há uma movimentação significativa de protestos organizados contra a prisão preventiva de Bolsonaro. Alguns grupos, contudo, disseminam mensagens defendendo que é preciso “parar o Brasil”, como em um vídeo do deputado federal Zé Trovão (PL-SC), divulgado neste sábado (22).

“Chegou a hora do Brasil se mobilizar. Chegou a hora do Brasil parar. Chegou a hora da gente ir pras ruas como a gente nunca foi antes. Chegou a hora da gente fazer muito mais do que nós fizemos lá em 2021, quando nós paramos toda a nossa nação. Quando o transporte rodoviário de cargas cruzou os braços em prol desse país. Quando o povo brasileiro foi às ruas e não saiu mais”, diz o parlamentar, em vídeo com mais de 172 mil visualizações e alcance de 15 mil usuários em grupos públicos de mensagerias.

O deputado convoca caminhoneiros e outros trabalhadores a aderirem ao movimento. “Vamos vencer essa guerra. Não desista. Se mobilize. Transporte rodoviário de cargas. Responda as injustiças hoje para que vocês não sejam consumidos amanhã. […] Não dá para brincar com esse momento. O Brasil pede socorro e todos nós precisamos nos unir. Caminhoneiros, agronegócio, motoboy, todo mundo, preste atenção. Ou é agora ou é nunca mais. Você não terá emprego, nem liberdade e nem o que comer”.

Mensagens citam “ditadura de toga” e miram aliados

Os principais trechos de mensagens que circulam mencionam ainda um suposta “ditadura de toga” – em referência ao ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal – e demonstram indignação contra aliados do ex-presidente, mas especificamente contra o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), chamado de “Pinikolas Iscariotes” nas conversas.

Entre os exemplos de mensagens que tem ganhado tração, estão:

* Editado por Evelin Mendes e Luciana Corrêa

Essa reportagem foi produzida pela Agência Lupa e republicada em parceria pela Agência Pública.

Reprodução/Palver
Reprodução/Palver
Reprodução/Palver

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