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Segundo o Center for Public Integrity, aumentou em 73% o número de limusines compradas pelo governo de Barack Obama – e o campeão é o Departamento de Estado.

Reportagem
6 de setembro de 2011
12:00
Este artigo tem mais de 13 ano

As limusines, maior símbolo de riqueza e ostentação, normalmente são o terreno natural nos ricaços. Mas o número de limusines em propriedade do Tio Sam aumentou 73% durante os dois primeiro anos da administração Obama, de acordo com uma pesquisa do iWatch News, site do Center for Public Integrity.

A maior parte do aumento se deu no Departamento de Estado comandado por Hillary Clinton.

Funcionários da administração Obama dizem que o aumento se deve ao maior esforço para proteger diplomatas e outros membros do governo em um mundo perigoso. Mas uma ONG que promove a transparência afirma que a abundância de limusines envia a mensagem errada em meio à crise econômica.

De acordo com dados oficiais, o número de limusines do governo aumentou de 238 em 2008, último ano do governo de George W. Bush, para 412 em 2010.

A maior parte deste aumento —111 das 174 limusines— ocorreu no ano fiscal de 2009, que incluiu os primeiros oito meses de Obama. No entanto, parte dessas compras podem ter resultado de encomendas feitas pelo governo anterior.

O curioso é que o departamento de controle do governo (General Services Administration) afirma que o número de limusines não é 100% confiável. “As categorias usadas na relação de veículos oficiais é muito ampla. Veículos registrados como limusines podem ser desde carros com segurança reforçada até simples automóveis de passeio”, afirmou a porta-voz Sara Merriam. Questionada se o departamento podia dizer qual o número real de limusines, ela respondeu que não.

Leslie Paige, porta-voz para a ONG de transparência Cidadãos Contra o Desperdício no Governo, mostrou-se revoltada com essa afirmação. “Eles não conseguem distinguir o que é uma limusine?”, perguntou. “Não é tão difícil. Se o governo não consegue registrar as suas limusines, não tenho certeza se devemos confiar em quaisquer números oficiais”.

Apesar do número total de limusines ter subido no ano de 2010, os departamentos foram beneficiados de maneira desigual.

O Departamento de Estado tem mais limusines do que qualquer outro – 259 – e ganhou 194 limusines “oficiais” desde 2008. Destas, 98 são equipadas com sirenes ou lâmpadas especiais, ignição de alta performance ou são usadas em operações de segurança.

O Departamento de Estado afirma que suas limusines são usadas por diplomatas estrangeiros pela secretária de Estado, Hillary Clinton e por “visitantes estrangeiros diferenciados”.  Muitas das limusines são blindadas.

Segundo um comunicado oficial, o aumento na era Obama acompanhou o crescente risco à segurança de diplomatas e também o aumento no número de diplomatas atuando em ambientes de alto risco.

Documentos oficiais mostram que o órgão tem buscado aumentar sua frota de veículos blindados desde pelo menos 2007.

BMWs e Cadillacs para VIPs; para espiões, limusines

O órgão define uma limusine como um veículo que transporta VIPs ou “outras pessoas a serem protegidas” e não pelo tipo de veículo, mas garante que a maioria das suas “limos” são da marca Cadillac DTS, cujo modelo 2011, blindado, custa cerca de US$ 60.000.

O departamento também afirmou ter comprador alguns BMWs para embaixadores em países em que o volante fica na mão direita dos automóveis.

Já o Departamento de Segurança Interna, que em 2010 tinha o segundo maior número de limusines – 118 – perdeu quarto delas entre 2008 e 2010.

Segundo a porta-voz, as limusines são usadas por oficiais dos serviços secretos. Mas ela não se pronunciou sobre números exatos, alegando questões de segurança.

Para Leslie Paige, as novas limusines federais são “mais uma razão pela qual há tanto cinismo quanto ao que acontece em Washington”. Ela afirma que terrorismo e segurança se tornaram desculpas para qualquer aumento de gastos no governo federal.

O aumento nas limusines se contrapõe a uma ordem da administração Obama adotada em maio deste ano, quando Obama publicou um memorando presidencial determinando que somente veículos com combustíveis renováveis fossem comprados a partir de 2015.

O memorando limita as frotas a carros pequenos e médios “exceto em casos em que carros maiores são essenciais para a missão de cada departamento”. Mas abre uma exceção no caso de agências de segurança – que são as que tem a maior frota de tais veículos de qualquer maneira.

De acordo com um relatório oficial, o governo federal gastou US$1,9 bilhão em veículos novos em 2009 e usou 963.000 galões de combustível por dia com a sua frota de 600.000 veículos.

O número de limusines variou ao longo dos anos. Em 2007, caiu de 318 para 217. Mas, por causa da confusa prestação de contas, não se sabe ao certo quantas limusines já foram usadas de verdade pelo governo.

De acordo com dados do departamento de controle, por exemplo, a Agência para Desenvolvimento Internacional (USAID), que tinha zero limusines em 2008, ganhou seis em 2009.

Mas segundo o porta-voz Lars Anderson, seis carros comprados no exterior – incluindo um Ford Crown Victoria modelo 1997 comprado em Bangladesh e um Mercury Grand Marquis 2009 em El Salvador – foram erroneamente registrados como limusines.

Mas, se os dados estiverem corretos, alguns empregados do governo que antes rodavam em alto estilo agora estão encarando opções um tanto mais, digamos, proletárias.

O Departamento dos Veteranos de Guerra, que tinha uma frota de 21 limusines em 2008, agora tem só uma. E o Escritório de Impressões também perdeu todas as suas limusines entre 2009 e 2010.

Nenhum dos dois quis comentar.

Clique aqui para ler a reportagem original, em inglês.

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