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Agência Pública se une a nove veículos independentes para facilitar o acesso ao jornalismo de qualidade em um momento em que grupos criminosos usam a desinformação como arma

Da Redação
1 de setembro de 2020
12:42
Este artigo tem mais de 3 ano

Imagine uma reportagem sobre violência doméstica declamada em poesia slam. Imagine uma matéria sobre uma acusação injusta que virou tragédia narrada em rap e animação. Imagine um canal que traduz reportagens investigativas sobre violações de direitos para uma linguagem moderna e fácil de entender.

Essa é a proposta do Canal Reload, uma iniciativa colaborativa que vai tornar a informação de interesse público mais acessível para os jovens brasileiros. O Reload é uma criação coletiva da Agência Pública em parceira com outros nove veículos jornalísticos digitais e independentes: ((o))eco, Agência Lupa, Amazônia Real, Congresso em Foco, Énois, Marco Zero Conteúdo, Ponte Jornalismo, Projeto #Colabora e Repórter Brasil. Juntas, essas organizações têm mais de 100 prêmios nacionais e internacionais, como o Prêmio Gabriel García Márquez, o Prêmio Vladimir Herzog, o Prêmio Rei da Espanha e o Leão de Bronze do Festival de Cannes. 

Com a missão de descomplicar a notícia, o canal Reload irá transformar as reportagens desses veículos em formatos atraentes para o público jovem. A partir de hoje você já pode acompanhar o Reload no Instagram, no Twitter, no Facebook e no Youtube

“As organizações que fundaram o Reload sabem que os jovens querem, sim, se informar, mas são abandonados pelo jornalismo tradicional, que raramente se esforça para buscá-los onde eles se informam: na internet,” explica Natalia Viana, codiretora da Pública e coordenadora geral do Reload. Em vez de consumir notícias lendo jornal ou assistindo TV, pesquisas mostram que os jovens se informam principalmente pelas redes sociais. “Nas redes, eles vão atrás de explicações, se conectam com apresentadores e youtubers que falam a sua língua, e principalmente, buscam formas de questionar e discutir aquelas informações,” acrescenta.

É responsabilidade dos jornalistas fazer um esforço para se comunicar com o público jovem e assim mostrar que a informação de qualidade melhora a sociedade. Foi justamente para isso que o Reload foi criado, de acordo com Natalia. “Na verdade, é um projeto que busca ampliar o direito à informação e a defesa do bom jornalismo em um momento em que grupos criminosos estão usando a desinformação como arma para perverter a opinião pública e corroer a democracia.” 

Projeto empodera os jovens, diz apresentadora indígena 

Colaboração e diversidade são palavras-chave para entender o que é o Reload. Além da programação ser decidida colaborativamente entre as dez organizações, os conteúdos em vídeo serão produzidos junto com os apresentadores do canal: 12 jovens comunicadores de diversas regiões, origens e trajetórias.

O envolvimento de jovens comunicadores de todo o Brasil foi o que atraiu a cineasta indígena Priscila Tapajowara, 27, ao projeto. Uma das apresentadoras do canal, Priscila diz que o projeto empodera os jovens. “A juventude é muito mais ágil – ainda mais nas redes sociais onde há tanta coisa para se consumir. Às vezes o jovem não tem tempo de parar e ler uma notícia. É muito legal utilizar novas linguagens, ferramentas e formatos que sejam atrativos para os jovens para que a gente possa dar essas informações importantes que eles precisam saber para não ficarem alienados,” diz a jovem de Santarém, Pará. 

“A gente sabe que não há uma representatividade indígena nos meios de comunicação. Quando se tem, muitas vezes é de uma forma muito estereotipada. Então ter outros jovens, principalmente mulheres, ocupando lugares de fala onde nós possamos fazer denúncias e falar sobre as coisas que estão acontecendo em nossas regiões é de extrema importância porque os jovens vão se inspirar e querer fazer parte disso,” diz Priscila, que também é ativista e co-coordenadora da Mídia Índia.

A jovem atriz pernambucana Bell Puã, 26 anos, é uma das apresentadoras que traz o sotaque do Nordeste para as vozes que apresentam o Reload. Para ela, a conexão com os jovens proposta pelo Reload pode estimular o senso crítico, a valorização dos direitos humanos e a sensibilidade em relação às questões de gênero, às questões LGBTQI, às questões de raça e às questões indígenas. “O jovem é justamente esse ser político, esse cidadão que está se formando e construindo sua capacidade de opinar com firmeza. Então, eu acredito que é da maior importância chegar logo na frente dos jovens com a informação dada de uma forma acessível e com uma perspectiva sensível e progressista para que esses jovens absorvam o que tiver de melhor para absorver de uma notícia,” diz Bell Puã. 

O Reload foi uma das iniciativas ganhadoras do Google News Innovation Challenge em 2019, projeto do Google News Initiative para ajudar o jornalismo a prosperar na era digital. 

O projeto foi pensado a partir de pesquisas que buscaram entender como os jovens consomem notícias. As redes sociais são a principal fonte de notícias para 91% dos jovens consultados e 70% responderam que o Instagram é a principal plataforma usada. Já o Whatsapp também chega em locais mais remotos e sua utilização é limitada pelos pacotes de dados que o jovem tem disponível no celular. “A vontade de se informar também é importante, e esse desejo de ser um ator, um agente nesse processo do consumo. Não é nada passivo” considera Natalia. 

Para a apresentadora de São Paulo Letícia Wexell, 22 anos, o Reload também promove uma mudança de comportamento que pode tornar o ambiente digital mais saudável. “Se você cria esse movimento de que as redes sociais também sejam informativas, a gente cria esse costume de se buscar por informação. E assim, a gente também ajuda todo mundo a estar em um ambiente mais saudável onde é mais difícil de cair em fake news, golpes, acreditar em coisas que não existem, e todo esse tipo de coisa que faz muito mal para o país,” diz.

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