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Documento revela os altos investimentos do governo Líbio, ao no valor de cerca de $ 56 bilhões de dólares, que eram feitos através do banco HSBC.

Reportagem
1 de junho de 2011
17:59
Este artigo tem mais de 13 ano

No mês passado, o centro britânico Bureau of Investigative Journalism, parceiro da Pública, denunciou como o banco HSBC agiu em favor de autoridades egípcias que hoje são acusados de corrupção.

Agora, um documento de 20 páginas que foi vazado para a ONG Global Witness revela uma análise detalhada do portfólio de investimentos da Autoridade Líbia de Investimentos do governo Líbio, ao no valor de cerca de $ 56 bilhões de dólares.

O relatório detalha a posição dos investimentos do fundo soberano no final de junho de 2010. E revela que a Autoridade Financeira Líbia colocou mais de 70% da sua verba de $ 408 milhões de dólares ao HSBC.

Divididos em dez contas, o HSBC administrava cerca de $ 293 milhões de dólares em nome do regime de Muammar Gaddafi. Dessas dez contas, que gerenciavam fundos em dólares, libras esterlinas, euros e dólares canadenses, três  estavam situadas em  Luxemburgo – o centro europeu de investimentos mais poderoso, famoso pela falta de transparência.

Além disso, um investimento estruturado gerenciado pelo HSBC valia cerca de $ 274 milhões de dólares para a ALI.

O envolvimento do HSBC com o governo líbio não era ilegal, já que na época o país não estava sofrendo nenhuma sanção da comunidade internacional.

Apenas recentemente os bens e investimentos do país foram congelados.

Blair e Bush

Pelo contrário: as portas foram abertas para o governo de Gadaffi pelo então primeiro-ministro britânico, Tony Blair e pelo então presidente americano George Bush que encorajaram bancos, fundo hedge e empresas petrolíferas a buscar contratos no país rico em petróleo.

De acordo com os documentos vazados, isso incluía os fundos de investimento Goldman Sachs, Societe General e o fundo hedge sediado em Londres Millennium Global, bem como o HSBC.

No ano passado, o HSBC foi investigado pelo senado americano por seu envolvimento em administrar verbas ilegais para o Gabão e Angola. Carl Levin, presidente de um subcomitê de Investigações do Senado,  sugeriu que, apesar do HSBC afirmar que havia “endurecido seus critérios” e mantinha “níveis altíssimos de escrutínio”, o banco, sediado no Reino Unido “facilita a evasão fiscal”.

Depois disso, uma investigação do centro britânico Bureau mostrou que o banco levantou mais de £450 milhões de libras (mais de 1.1 bilhão de reais) para as maiores empreiteiras egípicas que hoje enfrentam escândalos de corrupção na justiça.

O Bureau concluiu que o HSBC era o banco de investimento mais ativo no Egito e tinha entre seus diretores dois membros que em 2004 se tornaram ministros de estado a cargo de venda e privatização de terras no governo de Mubarak.

O HSBC garante que segue à risca os protocolos anti-corrupção. Mas a história publicada pelo Bureau argumenta que os bancos de investimento devem ser mais diligentes antes de aconselhar ou levantar fundos  para qualquer empresa. Isso é necessário para que os bancos tenham certeza de que os bens de uma empresa que estão gerenciando não foram obtidos como resultado de um ministro de governo que abusou da sua posição.

Essa preocupação é ainda maior porque o homem que tinha a responsabilidade de aceitar o dinheiro líbio e aconselhar as controversas empresas egípicas era Lorde Stephen Green.

Em janeiro passado, Lorde Green foi nomeado ministro de comércio e investimento do atual primeiro ministro britânico, David Cameron. Qual é a responsabilidade de Green?  Ampliar os interesses comerciais britânicos no exterior. Green, cujas ligações com Mubarak e o seu cículo de confiança enquanto trabalhava HSBC permanecem passíveis de debate, não quis falar ao Bureau sobre essa investigação.

Tudo isso certamente não pega bem para o governo de Cameron no Reino Unido, que pretensamente promove a transparência e o combate à corrupção.

Leia aqui o artigo original em inglês

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