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Reportagem

Os americanos vão ao Piauí

Em documento de 2 de fevereiro de 2010, embaixada viu oportunidades e afirmou que ia se engajar mais com o segundo estado mais pobre do nordeste

Reportagem
9 de julho de 2011
19:00
Este artigo tem mais de 13 ano

Na avaliação americfana, o Nordeste brasileiro é rico em matérias primas e ecológicas, mas não tem suporte estrutural para explorar tais riquezas, segundo um documento diplomático vazado pelo WikiLeaks. No entanto, a embaixada enviou um representante especialmente ao empobrecido Piauí  para participar de uma conferência organizada pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT), na capital Teresina no começo de 2010.

Um assessor econômico americano participou da conferência, e apresentou em parceria com o governo dos Estados Unidos propostas de oportunidades a serem avaliadas pelo do Serviço do Comercio Estrangeiro, da Agência de Desenvolvimento dos Estados Unidos, e do Banco de Importação e Exportação dos Estados Unidos.

Enquanto estavam incluídos na audiência funcionários, líderes empresariais, e estudantes de relações internacionais, os organizadores esperavam que tivesse uma forte presença de empresas privadas com capacidade de estabelecer parcerias internacionais.

O documento nota que o Piauí tem a renda per capita mais baixa do Nordeste, com menos de R$ 5,00, o resto do Nordeste tem uma renda de apenas R$ 7,00 – Enquanto nos estados do Sul a renda chega a ser maior que R$ 19,50, essa gritante diferença faz com que investidores internacionais nem ao menos cogitem a hipótese de levar seus projetos para o Piauí.

A falta de infra-estrutura é seguida por outros desafios como a falta de material humano qualificado, e a total falta de conhecimento de investidores sobre o estado. Investidores internacionais que atuam nos estados sulinos de São Paulo e Rio de Janeiro não sabem o que é o Piauí.

EUA vêem “oportunidades”

Segundo o documento, o desenvolvimento da infra-estrutura teria maior impacto para atrair mais investimentos para o Piauí. Melhorar a infra-estrutura, principalmente o transporte nas estradas de ferro conectando as cidades do Piauí aos portos, também iria melhorar o crescimento orgânico no interior do estado.

O documento aponta como solução a introdução de livre comércio ou Zonas de Processo de Exportação (ZPE), como as que operam hoje em dia nas cidades de Parnaíba e Pavussu. A introdução das ZPEs “pode baixar o custo de comercio no Piauí e acrescentar uma nível de comercio nacional e internacional fluindo através do estado”, diz o documento.

O documento também cita outros projetos econômicos promissores, na visão dos EUA, que seriam beneficiados pela melhora de infra-estrutura: exploração de rochas ornamentais, opalas, e matéria-prima mineral.

Mais engajamento

“Se o Brasil quer alcançar o cada vez mais impressionante nível de properidade do sul e sudeste como um todo, as regiões tradicionalmente mais pobres como o nordeste tem que atingir as metas de crescimento”, diz o documento.

No entanto, o documento enumera os desafios a serem superados pelo estado: estrutura ruim, falta de conhecimento de oportunidades internacionais, e falta de competência entre governo e parceiros locais.

“A missão no Brasil vai buscar engajamento positive com o Piauí e vai buscar suprir especificamente a necessidade de capital humano através da promoção de oportunidades para visitantes internacionais, e vai buscar suprir necessidades sociais e econômicas através de fundos do Departamento de Estado”.

Os documentos são parte de 2.500 relatórios diplomáticos referentes ao Brasil ainda inéditos, que foram analisados por 15 jornalistas independentes e estão sendo publicados nesta seamana pela agência Pública.

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