Os indígenas querem mais. Mais terras demarcadas, mais garantia de direitos, mais força para barrar iniciativas parlamentares anti-indígenas. Essas são as principais conclusões da 19ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), a maior assembleia indígena do país, que aconteceu entre os dias 24 e 28 de abril, em Brasília.
A reportagem da Agência Pública cobriu os cinco dias de acampamento e acompanhou as reivindicações dos povos originários. Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciar a homologação de seis terras, os indígenas devem agora pressionar por um cronograma de demarcação dos cerca de 840 outros territórios que estão na fila para serem reconhecidos pelo Estado brasileiro, em diversas etapas do processo.
Também está nas prioridades cobrar a atuação do governo para derrubar o marco temporal, tese jurídica que pode impedir a demarcação de novas terras e cujo julgamento deve ser retomado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 7 de junho; e para articular a rejeição a projetos de lei anti-indígenas no Congresso.
Neste ensaio, o fotógrafo João Canizares capturou para a Pública os principais momentos do acampamento.
Indígenas em concentração para marcha ao Congresso Nacional no primeiro dia de ATL
Diante do Congresso Nacional, os indígenas pediram a derrubada de projetos de lei que ameaçam seus direitos, como os PLs dos agrotóxicos (6299/2002) e da regularização fundiária (2633/2020)
Cerca de 6 mil indígenas de todas as partes do país compareceram ao acampamento, que acontece todos os anos desde 2004 — quando Lula ainda estava em seu primeiro mandato como presidente
O movimento indígena clamou novamente pelo avanço das demarcações, sua principal pauta histórica, que ficou paralisada durante os governos de Temer e Bolsonaro. Eles querem o reconhecimento de seus territórios em todos os biomas
Esta foi a primeira edição do ATL a acontecer após a criação do inédito Ministério dos Povos Indígenas e de representantes dos povos originários terem assumido o comando da Funai e Sesai