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Assentada foi expulsa da terra depois de sofrer ameaças e ver seu barraco ser queimado em um incêndio criminoso

Reportagem
29 de fevereiro de 2012
07:28
Este artigo tem mais de 12 ano

A assentada Maria Líbia Nogueira Santana, 34 anos, descobriu que sua casa havia sido invadida no dia em que voltou do hospital com a filha recém nascida no colo. Hoje com cinco filhos, ela vive em uma casa emprestada em Nova Califórnia, vila mais próxima do sul de Lábrea (Amazonas). No dia em que recebeu a reportagem, havia uma panela de feijão para o jantar para seis pessoas.

Em setembro de 2010, a Comissão Pastoral da Terra enviou uma carta denunciando o caso ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

“A gente vivia num lote aprovado no assentamento Gedeão há 2 anos. Eu saí para ganhar nenê e meu filho quebrou o braço, então tivemos que ficar três meses sem voltar para casa. Um dia o vizinho ligou e avisou que tinha gente na nossa casa. A gente voltou na hora, com tudo. Chegou lá e tinha uma mulher dizendo que comprou a minha terra. Não tinha para onde ir, o jeito foi fazer um barraco lá no lote mesmo.

Saímos um dia e queimaram nosso barraco. Fizemos outro.

Aí um dia chegou seis homens armados lá. Minha sogra me segurou para eu não sair de casa. Senti muito medo, achei que ía perder meus meninos, achei que íam matar nós todos. Um deles disse que a terra tinha sido comprada e que a ordem era tacar fogo no barraco com a gente dentro. Deram dois dias para a gente sair.

Aí viemos para a vila e estamos até hoje morando de favor na casa dos outros.  Até hoje o homem ameaça meu marido. Fala que, se a gente entrar lá, ele mata. Eles já tiraram toda a madeira, tá uma capoeira doida lá para dentro do lote.

Meu marido tá trabalhando de diária na fazenda dos outros. A gente tinha 1.300 pés de café, plantado com o dinheiro do fomento do Incra. E macaxeira, banana, café. Só colhemos mesmo a banana, o resto foram eles. Isso que dóis mais. Meus meninos aqui com fome e eles lá comendo nossa farinha”.

Leia mais: Nilcilene, com escolta e colete à prova de balas: “eles vão me matar”

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