Buscar
Agência de jornalismo investigativo
Checagem

Bolsonaro não denunciou aumento de energia e gasolina

Mensagem falsa que circula no WhatsApp atribui a deputado federal alerta sobre reajustes que não vão acontecer

Checagem
27 de setembro de 2017
10:00
Este artigo tem mais de 7 ano
O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) em entrevista coletiva, em junho
O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) em entrevista coletiva, em junho. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

“Bolsonaro faz alerta sobre novo roubo do governo Temer. O Banco Central acabou de anunciar: a conta de energia elétrica terá mais um reajuste, dessa vez de 37%, e a gasolina de 14%. Vejam que absurdo! O reajuste será aplicado a partir da próxima semana. A imprensa foi comprada para não noticiar o novo reajuste abusivo. Próxima sexta haverá uma paralisação geral! CHEGA DE TANTO ROUBO!!! Se você repassar para mais 7 pessoas ou em 3 grupos, conseguiremos mobilizar esse país e esse canalha, safado do Temer vai cancelar esse reajuste absurdo.”

Falso

Uma mensagem que viralizou no WhatsApp afirma que o pré-candidato à Presidência e deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) denunciou um grande aumento de gasolina e de energia elétrica planejado pelo presidente Michel Temer. Bastante confuso, o texto também diz que as medidas serão anunciadas pelo Banco Central a partir da próxima semana, sem precisar uma data. De acordo com a corrente, haverá uma paralisação na próxima sexta-feira – de novo sem indicar o dia do mês –, para protestar contra o “reajuste abusivo”. O alerta, no entanto, é falso.

O Truco – projeto de fact-checking da Agência Pública – analisou as informações da corrente e descobriu que nenhuma delas é verdadeira. Não foi possível identificar o autor do texto. Para tentar dar credibilidade à mensagem, foi incluído um link como fonte dos dados. O endereço, no entanto, leva para uma notícia no site Top Five TV, que traz apenas uma reprodução da corrente do WhatsApp, sem dados adicionais. O site também não informa autores ou traz dados de contato, o que é característico das páginas que publicam notícias falsas.

Corrente falsa diz que Bolsonaro denunciou aumento de energia.
Corrente falsa diz que Bolsonaro denunciou aumento de energia. Foto: Reprodução

A menção de que o deputado federal Jair Bolsonaro teria feito o alerta sobre o aumento da energia e da gasolina também não é verdadeira. A assessoria de imprensa do parlamentar afirmou ao Truco que ele jamais fez qualquer declaração desse tipo. Buscas na internet também não revelam nenhuma entrevista em que ele tenha feito qualquer aviso do gênero. Os resultados remetem a reproduções do texto da corrente.

Outra informação falsa é atribuir ao Banco Central a responsabilidade de informar sobre esses supostos aumentos. Os reajustes na tarifa de energia são definidos e comunicados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que autoriza os aumentos para cada concessionária e permissionária do sistema. Logo, não há um anúncio de um porcentual fixo para todo o país. Na página do órgão é possível consultar todos os reajustes concedidos desde 2013. Não existe qualquer dado sobre um aumento geral de 37%.

Já a gasolina é reajustada nas refinarias pela Petrobras, também encarregada de anunciar os índices. O último ocorreu no dia 5 de setembro deste ano e foi de 3,3%. “Na última semana, em face dos impactos do furacão Harvey na operação das refinarias, oleodutos, e terminais de petróleo e derivados no Golfo do México, os mercados de derivados sofreram variações intensas de preços”, justificou a companhia, em nota. A área técnica de marketing e comercialização pode autorizar, a qualquer momento, uma mudança dentro da faixa de -7% até +7%. Quando esse limite é atingido, a decisão deve ser tomada tanto pelo Grupo Executivo de Mercado e Preços (Gemp), também um órgão interno da empresa. Não há, portanto, influência direta do presidente Michel Temer nos dois casos.

A última afirmação da mensagem do WhatsApp, sobre uma mobilização marcada para a próxima sexta-feira, também é falsa. Não há qualquer entidade ou grupo anunciando que fará um protesto por conta desses aumentos – que, aliás, nem são verdadeiros. Em correntes desse tipo, marcar um dia sem mencionar a data é um truque comum, porque dá a impressão de urgência – e, por tabela, incentiva as pessoas a compartilharem a mensagem.

Não é todo mundo que chega até aqui não! Você faz parte do grupo mais fiel da Pública, que costuma vir com a gente até a última palavra do texto. Mas sabia que menos de 1% de nossos leitores apoiam nosso trabalho financeiramente? Estes são Aliados da Pública, que são muito bem recompensados pela ajuda que eles dão. São descontos em livros, streaming de graça, participação nas nossas newsletters e contato direto com a redação em troca de um apoio que custa menos de R$ 1 por dia.

Clica aqui pra saber mais!

Se você chegou até aqui é porque realmente valoriza nosso jornalismo. Conheça e apoie o Programa dos Aliados, onde se reúnem os leitores mais fiéis da Pública, fundamentais para a gente continuar existindo e fazendo o jornalismo valente que você conhece. Se preferir, envie um pix de qualquer valor para contato@apublica.org.

Truco

Este texto foi produzido pelo Truco, o projeto de fact-checking da Agência Pública. Entenda a nossa metodologia de checagem e conheça os selos de classificação adotados em https://apublica.org/truco. Sugestões, críticas e observações sobre esta checagem podem ser enviadas para o e-mail truco@apublica.org e por WhatsApp ou Telegram: (11) 99816-3949. Acompanhe também no Twitter e no Facebook. Desde o dia 30 de julho de 2018, os selos “Distorcido” e “Contraditório” deixaram de ser usados no Truco. Além disso, adotamos um novo selo, “Subestimado”. Saiba mais sobre a mudança.

Leia também

Lobo solitário, Bolsonaro sonha com a glória


Faça parte

Saiba de tudo que investigamos

Fique por dentro

Receba conteúdos exclusivos da Pública de graça no seu email.

Artigos mais recentes