Buscar
Nota

Diretor da Abin durante o 8 de janeiro assume chefia da agência no RS

5 de abril de 2024
11:00

O Diário Oficial da União mostrou, na última quarta-feira (3), uma troca na chefia da superintendência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no Rio Grande do Sul. Segundo apuração da Agência Pública, quem assumiu o comando do órgão no estado foi o oficial Saulo Moura da Cunha, ex-diretor interino que atuava na Abin durante as invasões às sedes dos Três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro de 2023.

Desde o segundo semestre do ano passado, o oficial passou longe dos holofotes, após se ver enredado por críticas da oposição ao governo Lula nas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) sobre o 8 de janeiro tanto no Congresso Nacional quanto na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

A escolha de Cunha para a superintendência gaúcha da Abin mostra sua retomada de prestígio com o governo, quase dez meses após ele ter sido retirado de cargos de confiança no Executivo. O oficial deixou seu último posto comissionado no Planalto em 2 de junho de 2023, conforme o Diário Oficial da União.

Antes, Saulo da Cunha já havia deixado a diretoria-adjunta da Abin, o segundo cargo mais alto na hierarquia do órgão, em 2 de março de 2023 – mesma época em que a Abin saiu da tutela militar do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), integrando desde então o Ministério da Casa Civil. 

Em 12 de abril de 2023, o oficial de inteligência assumiu a chefia da Assessoria Especial de Planejamento e Assuntos Estratégicos da Secretaria-Executiva do GSI. Naquela mesma semana, a pasta se viu em uma crise política após o vazamento de imagens do sistema interno de segurança do Palácio do Planalto captadas no dia 8 de janeiro.

A divulgação do material pelo canal CNN Brasil gerou turbulências no órgão, com imagens de servidores da cúpula do GSI circulando entre os extremistas que invadiram o Palácio do Planalto. O caso resultou na renúncia do então ministro do GSI, o general da reserva do Exército Marco Edson Gonçalves Dias – um dos homens de confiança do presidente Lula (PT) no meio militar.

O trabalho de Saulo da Cunha na Abin no dia 8 de janeiro foi explorado pela oposição ao governo Lula graças à revelação, em depoimentos às CPIs do Congresso e do DF, que, à época da invasão, o oficial teria editado informações sensíveis a pedido do então ministro do GSI, o general Gonçalves Dias, quando a Abin ainda era subordinada ao órgão. Nos depoimentos, Cunha relatou também que a Abin alertou o governo federal e as forças de segurança e de inteligência do DF sobre riscos reais de atos violentos nas sedes dos Três Poderes.

Como revelado pela Pública, já no fim de 2022 a Abin produziu uma série de relatórios avisando os governos Bolsonaro e Ibaneis (MDB-DF) dos riscos de violência na capital graças à manutenção do acampamento golpista em frente ao Quartel-General do Exército.

Edição:

Não é todo mundo que chega até aqui não! Você faz parte do grupo mais fiel da Pública, que costuma vir com a gente até a última palavra do texto. Mas sabia que menos de 1% de nossos leitores apoiam nosso trabalho financeiramente? Estes são Aliados da Pública, que são muito bem recompensados pela ajuda que eles dão. São descontos em livros, streaming de graça, participação nas nossas newsletters e contato direto com a redação em troca de um apoio que custa menos de R$ 1 por dia.

Clica aqui pra saber mais!

Se você chegou até aqui é porque realmente valoriza nosso jornalismo. Conheça e apoie o Programa dos Aliados, onde se reúnem os leitores mais fiéis da Pública, fundamentais para a gente continuar existindo e fazendo o jornalismo valente que você conhece. Se preferir, envie um pix de qualquer valor para contato@apublica.org.

Quer entender melhor? A Pública te ajuda.

Notas mais recentes

Países falham em fechar acordo contra poluição plástica, o 3º fracasso ambiental do ano


Congresso foca em corte de gastos do governo, reforma tributária e big techs nesta semana


IA: PL 2338 vai para votação e senador diz que big techs devem influenciar texto na Câmara


Governo corta gastos e STF julga suspensão do WhatsApp e papel das redes nesta semana


MPF recomenda à Funai que interdite área onde indígenas isolados foram avistados


Faça parte

Saiba de tudo que investigamos

Fique por dentro

Receba conteúdos exclusivos da Pública de graça no seu email.

Artigos mais recentes