Ao longo da semana, várias pessoas que estão de passagem pela Rua Dona Mariana em Botafogo param no número 81 para examinar o grandioso casarão rosado, centenário. Muitos perguntam: o que acontece aí dentro?
Antes de virar Casa Pública, o espaço era ocupado pelo Bar do Adão, conhecido pelos seus pasteis. Até hoje tem clientes que não se dão conta que aqui não é mais um restaurante, entram e se sentam à espera de um garçom que nunca chega.
Mas, hoje, a principal atividade da Casa é receber visitas de jornalistas ou integrantes de coletivos mediáticos independentes. Alguns dos novos visitantes já acompanham o trabalho da Pública em São Paulo e querem entender melhor o que estamos aprontando no nosso novo elo cultural no Rio.
Entre tantas idas e vindas de pessoas que passam pela casa, há uma dúvida renitente:
O que faz um centro cultural de jornalismo?
Desde a sua fundação em março, a Casa Pública já fez de tudo um pouco. Colocamos 13 eventos de pé. Desses, 7 foram Conversas Públicas, entrevistas ao vivo com jornalistas conhecidos que discutem o papel da mídia na cobertura de grandes temas do momento. Fizemos uma linda playlist com todos esses papos muito instrutivos, onde você pode ver as Conversas On Demand.
A Casa Pública também virou sede de um clube de leitura com jornalistas estrangeiros que reúnem para analisar séries de matérias escritas no estilo “long-form”. Os encontros que acontecem em inglês contam com a presença de jornalistas e fotógrafos de todas as partes do mundo.
Além dessa, a casa vem sendo ocupada por outras parcerias. No final de junho a Agência Pública se juntou à Artigo 19 para dedicar um dia inteiro à discussão da falta de transparência na organização da Olimpíada. O dia começou com uma oficina de lei de acesso à informação e termina às 18h com um debate sobre a relação da Olimpíada com temas de segurança pública e as obras do BRT.
Mas estes eventos não são as únicas atividades da casa. A equipe da Casa Pública passa os seus dias tocando vários outros projetos.
Um dos carros-chefe da casa são os laboratórios de inovação que buscam experimentar com novas formas de se contar uma história. Estes grupos de trabalho têm como objetivo criar uma reportagem investigativa que foge do formato tradicional de texto e utiliza componentes transmídia – ou seja, utilizam vários meios de comunicação, online e offline. De um tweet até uma instalação de arte.
Cada laboratório investiga um assunto. Os primeiros já estão à toda, e investigam problemas da Olimpíada 2016: remoções forçadas no Rio de Janeiro, as transformações urbanas e o legado de segurança pública dos megaeventos.
Olga Lucía Lozano, a primeira jornalista residente da Casa Pública, está hospedada neste momento na casa trabalhando como diretora artística do primeiro especial da série. O resultado será lançado no dia 20 de julho dentro do site da Agência Pública.
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Lozano é especialista em produzir matérias jornalísticas interativas. Ela acredita que os meios de comunicação precisam investir em narrativas inovadoras que usam arte e tecnologia para dar vida às matérias. “Muitos produtores de conteúdos acham que as pessoas pensam de maneira linear e a verdade é que as pessoas não pensam assim e nem buscam conteúdos da mesma maneira”, explica Lozano.
Para ela, a interatividade pode ser usada para atrair o leitor para temas mais duros, como violações de direitos humanos. “Reportagens sobre direitos humanos se tornam mais acessíveis quando o público ganha o poder de escolher como deseja navegar a história”, diz Olga.
“A minha intenção é que os temas mais sérios possam chegar ao mesmo número de pessoas que procuram ler sobre outros temas. E para isso temos que criar formatos diferentes de contar a história, formatos que sejam mais úteis e mais participativos”, completa.
A Casa Pública tem como objetivo experimentar com esses novos formatos de “story-telling”, não só nos laboratórios de inovação, mas com interações ao vivo no espaço físico da Casa.
Por isso, vamos inaugurar no dia 9/7 uma especialíssima exposição de jornalismo interativo. Em breve, novidades. Fique ligado!
A Casa Pública pode não servir os pasteis do Bar do Adão mas para ali se mata outro tipo de fome. O espaço é um polo de discussão e celebração do jornalismo para aqueles que tanto tinham vontade de se deliciar com o atual momento de reinvenção da profissão.